terça-feira, 3 de junho de 2008

Remodelação do Jardim Municipal

Em 1997, no primeiro mês de Mandato de João Burrica, numa operação relâmpago, a Câmara mandou cortar as árvores da estrada de acesso a Campo Maior, em frente ao antigo Lagar da Família Serra. Nessa altura manifestei o meu desagrado num artigo que publiquei no Notícias de Campo Maior, por saber que essas árvores eram da responsabilidade da J.A.E., uma vez que aquele acesso era uma Estrada Nacional e não Municipal, apesar de estar dentro do perímetro urbano.
Dizia-se na altura, em princípio de Mandato, que estaria em concurso a elaboração de projectos de ideias para o embelezamento das entradas da Vila e esse projecto contemplaria a remodelação do Jardim Municipal.
Cortadas as árvores, a Junta Autónoma exigiu ao Município a reposição de novas árvores, o que veio a suceder, prova que a Câmara tinha metido a foice em seara alheia.
Decorre o ano de 2008 e o tal projecto de embelezamento e remodelação do Jardim nunca foi mostrado e mesmo os Vereadores da Oposição desconhecem igualmente a sua existência, mas apesar disso as obras de desmantelamento e arranque de árvores tiveram início em 2006.
Antes de falar dessa remodelação, importa dar a conhecer aos mais novos como era o nosso Jardim. Este surgiu há mais de 60 anos e nesse espaço havia duas estradas que se cruzavam (onde hoje está o coreto) rodeadas de algumas árvores dispersas, quatro Gaviões (estabelecimentos tipo mercearia/taberna), um pequeno lago, um poco e dois urinóis. Importa referir que foi a partir dessa época que a Vila se começou a expandir para o Bairro Operário e Zona da Moagem.
O então Presidente da Câmara, João Victorino Munhoz (Membro da União Nacional do antigo regime) era considerado um visionário, acabou com os Gaviões e remodelou aquele espaço, resultando dessa acção o Jardim que todos conhecemos.
Ao longo destes 60 anos, o Jardim tornou-se num espaço aprazível procurado por todos, especialmente na Primavera e Verão, as suas sombras e a frescura convidavam-nos a um salutar descanso. Era com orgulho que os Campomaiorenses diziam que o Jardim Municipal era um espaço verde apetecível de reunião e convívio, considerado um ex-libris de Campo Maior, facto igualmente reconhecido pela imensidão de visitantes que nos procuravam durante as Festas do Povo.
Em 2006, tal como sucedeu com as árvores em frente ao Lagar, a Câmara iniciou a remodelação do Jardim sem que fosse dado a conhecer o projecto vencedor daquele concurso, pois julgamos que ele nunca existiu. Importa salientar, para não faltará verdade, que numa Feira da Olivicultura esteve patente ao público um desenho do que se pretendia fazer no Jardim, contudo, é bom também dizer que o que foi feito até hoje não tem nada a ver com o citado desenho, mais, temos verificado que há trabalhos que depois de executados são levantados, destruídos e feitos de novo e de forma diferente. É a prova que o projecto é constantemente alterado!
As obras decorrem há dois anos, nesses anos já foram gastos 790.070,70 € (158.000 contos) e no presente ano estão orçamentados mais 300.000 € (60.000 contos).
Brevemente vai iniciar-se a última fase com a destruição da restante parte do Jardim (Zona do Correto e Estátua de Santa Beatriz), e essa prolongar-se-á pelo ano de 2009 com mais dispêndio de verbas, o novo Jardim sem contabilizarmos todos os custos vao ficar em mais de 1.500.000 € (300.000 contos na moeda antiga).
O antigo Jardim poder-se-ia considerar um pulmão da Vila, as suas árvores produziam muito do oxigénio que necessitamos para viver, era um espaço privilegiado bem tratado e apetecível.A destruição do seu espectro vegetal, é para muitos um crime ecológico.
O novo Jardim, tal como está, deixou de ser um espaço onde os Jardineiros desempenharia a sua missão, para passar a ser uma oficina de calceteiros. As sombras aprazíveis das suas árvores deram lugar ao sol escaldante da planície Alentejana e arredou daquele lugar todos os que, na Primavera e Verão, estavam habituados a saciar-se da frescura das suas sombras.
É o preço do progresso, os espaços verdes que tanto necessitamos vão dando lugar ao betão, é natural que haja quem goste destas modernices, eu pessoalmente e sem ser saudosista discordo do que foi feito, todavia respeito a opinião e os gostos dos outros.
Concordaria que se tivesse elaborado um projecto que conservasse a estrutura inicial, que substituísse os pisos, a iluminação e algumas árvores mais velhas, enfim. que se lhe desse um novo rosto, com o dinheiro que ali se gastou muitas obras poderiam ser feitas e o Jardim continuaria a ser um espaço de convívio e lazer de todos os Campomaiorenses.
Campo Maior, 3 de Junho de 2008
Siripipi-alentejano

1 comentário:

Júlia disse...

O problema do jardim é que o deixaram degradar a tal ponto que não se podia evitar uma intervenção. Mas há muitos modos de intervir. E a opção não parece a mais acertada, sobretudo quando implica os gastos que refere.
É evidente que a razia que fizeram nas árvores tornou este espaço mais inóspito, sobretudo atendendo às condições do tempo no verão, com as altas temperaturas que se registam. Até que as novas árvores cresçam, não vai ser muito agradável estar no jardim durante o dia, nos calores do Verão.
Além de achar excessiva a área ocupada com calçada, também não concordo com opção pelos relvados que exigem grandes quantidades de água. Outro aspecto que me merece reservas é a substituição da grade antiga, em ferro forjado, de protecção do lago por um gradeamento que não tem graça nenhuma.
Mas o que mais choca é a poda a que as árvores de toda a avenida e arredores foram sujeitas. Por onde quer que se ande não há uma sombra, agora que o Sol começa a queimar.