sábado, 27 de setembro de 2008

A Educação nas Autarquias

No dia 3 de Setembro o blogue "De Campo Maior" publicou um post intitulado Da Função Cultural do Poder Local. Este trabalho retrata com objectividade uma das atribuições cometidas ao Poder Local e no comentário que fiz disse que iria publicar um trabalho sobre as restantes atribuições e competências.
A oportunidade surge hoje porque recentemente o Governo assinou com 92 Câmaras Municipais, entre elas a Câmara de Campo Maior, a transferência de competências em matéria de Educação.
Antes de falar do protocolo estabelecido com o Município de Campo Maior, importa dar a conhecer que nesta matéria é da competência das Autarquias Locais participar no planeamento e na gestão dos equipamentos educativos e realizar investimentos nos seguinte domínios:
a - Construção, apetrechamento e manutenção dos estabelecimentos de educação pré-escolar e do ensino básico;
b - Elaborar a carta escolar de educação;
c - Criar o Conselho Local de Educação;
d - Assegurar os transportes escolares, comparticipar no apoio às crianças da educação pré-escolar e aos alunos do ensino básico, no domínio da acção social escolar;
e - Apoiar o desenvolvimento de actividades complementares de acção educativa na educação pré-escolar e no ensino básico;
f - Participar no apoio à educação extra-escolar;
g - Gerir o pessoal não docente de educação pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino básico.
Pelas competências enumeradas e não foram todas, há um manancial imenso de áreas de intervenção dos Municípios e estas competências acarretam um enorme dispêndio de verbas, basta haver necessidade de construir ou ampliar vários edifícios, remodelar ou equipá-los de raiz, para podermos imaginar os milhões de euros necessários.
Uma das grandes reivindicações do Poder Local era a transferência de mais competências, mas acompanhadas das verbas necessárias à sua implementação.
O Dec-Lei n.º 144/2008, de 28 de Julho, estabeleceu o novo quadro de transferências de atribuições e competências para os Municípios em matéria de Educação e determinou ainda que essas transferências só se poderiam efectuar se os Municípios já possuíssem Carta Educativa e só assim é que poderiam celebrar contratos de execução entre os Municípios e o Ministério da Educação.
Nesta área, o nosso Município foi dos primeiros a dispor de Carta Educativa, contudo é bom que se diga que a sua implementação tem custos elevadíssimos para o orçamento municipal e implica a desactivação da maioria das actuais Escolas Primárias e Ciclo, construindo-se de raiz um edifício que albergue toda a população escolar até ao 3.º ciclo. Para a realização do que está preconizado na Carta Educativa, o Município de Campo Maior tem que ter uma elevada comparticipação financeira do Estado porque "per si" é impossível o seu cumprimento. Legislar é fácil, difícil é cumprir o preceituado.
A Educação é uma das áreas em que todos os Municípios mais se esforço em poder melhorar, pois é na Educação que está assente o futuro dos nossos Jovens e ao eles que amanhã têm que enfrentar esta realidade.
Voltando ao contrato de execução (transferências de competências) assinado pelo Presidente da Câmara, Primeiro Ministro e Ministra da Educação em 16 de Setembro, prevê o seguinte:
a) - A Transferência do Pessoal não docente das escolas básicas e da educação pré-escolar;
b) - Actividades de enriquecimento curricular no 1.ºciclo do ensino básico;
c) - Gestão do parque escolar nos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico.
Estas competências têm o seguinte significado: o Pessoal não docente é transferido, a partir da data da assinatura do contrato, para o Município de Campo Maior, a quem caberá a respectiva gestão, o que significa que passam a funcionários municipais, ao Estado cabe fazer a transferência das verbas necessárias para este compromisso.
O Município assume a competência de implementação das Actividades de Enriquecimento Curricular no 1.º ciclo do ensino básico e ao Estado cabe-lhe a tutela pedagógica e orientações programáticas.
Tendo em conta que a Carta Educativa já foi aprovada, o Município recebe as competências de construção, ampliação, manutenção e apetrechamento das escolas básicas.
Posto isto, resta-me fazer esta análise. A maioria das Câmaras já gastavam muito do seu dinheiro nestas áreas, mesmo não existindo esta transferência de poderes. Muito do Pessoal Auxiliar ao serviço das escolas do 1.º ciclo já eram pago~s pelos Municípios, pois viam-se confrontados com falta de pessoal porque o Ministérios da Educação não colocava pessoal auxiliar e a pedido dos Professores iam dando a sua ajuda.
Nas actividades de enriquecimeto curricular (ensino de inglês e educação física) já eram os Municípios que suportavam os custos e a conservação e manutenção do parque escolar também já lhes competia.
Resumindo, a Associação dos Municípios Portugueses tem afirmado que é um mau negócio para os Municípios. Este protocolo é uma forma de por alguma água na fervura, as verbas constantes do contrato de Campo Maior, na minha opinião, são exíguas e o nosso Município vai ter muitas dificuldades para poder cumprir integralmente o consignado no contrato. Penso que se trata de um bolo amargo que todos nós vamos ter que adoçar.
Campo Maior, 27 de Setembro de 2008
siripipi-alentejano

sábado, 20 de setembro de 2008

Gestão Municipal - 3º Trimestre de 2008

Aproximamos-nos do final de 2008 e já se vai falando nos diversos actos eleitorais que vão ter lugar em 2009, designadamente as Eleições Autárquicas. Na semana passada, o Blogue belo Campomaiore" fez um inquérito acerca da actuação do Presidente da Câmara, esse inquérito obteve os seguintes percentagens; Excelente (26%); Muito Bom (7%); Bom (10%); Razoável (11%); Mau (7%); Muito Mau (2%); Péssimo (47%) e Sem Opinião (1%).
A verdade é que estes inquéritos, tal como as sondagens, valem o que valem e nunca nos permitem opinar com muita veracidade, no entanto, porque o Poder Local é o que mais interessa aos Municípes, uma vez que é o Poder que está mais próximo do Povo e esse Poder é quem resolve os seus problemas mais prementes.
Muitos dos Munícipes que responderam ao inquérito fizeram-no em consciência, todavia, se estivessem melhor informados, certamente o resultado poderia ser muito diferente!
Para esclarecimento dos que votaram ou não, vou elucidá-los de algumas situações que porventura pesariam na sua votação, caso estivessem mais informados. Num outro trabalho já expliquei o que são atribuições e competências das Autarquias Locais e falei dos Orçamentos porque todas as despesas efectuadas ao longo do ano, têm que estar obrigatoriamente inscritas no Orçamento, nenhum investimento pode ser iniciado sem o cumprimento deste normativo.
Dentro de 10 dias termina o 3º trimestre de 2008 e pela lógica, poder-se-ia concluir que cerca de 75% dos objectivos delineados estariam atingidos. A verdade é que numa análise que fiz, conclui que a maioria dos investimentos inscritos não foram iniciados e o mais grave é que há projectos candidatados a Fundos Comunitários e já aprovados pela C.C.D.R.-Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo em 31 de Dezembro de 2007 (vide site da C.C.D.R.), inscritos no Orçamento da Câmara, não foram nem ainda estão a concurso, por isso encontram-se parados, a saber:
Valor do Invest. Valor da Compartic.
- Rede Viária Fund. Concelho (1ªFase)................... 989.802,74 692.861,92
- Rede Viária Fund. (2ª Fase-CM 1109/1112)...... 1.242.432,49 869.702,74
- Remod. Geral Infr. do C.Hist.(3ª Fase)............... 836.786,80 585.750,76
- Remod. Geral Infr.em Arruam.C.Histórico......... 650.437,66 455.243,36
- Remod.Infr.Zona Cresc.Norte da Vila.................. 1.219.625,23 670.793,87
Igualmente, no mesmo site, constam outros projectos que já foram executados, é o caso da Variante à Zona Industrial-Via Circ. Estrut., comparticipada em 229.010,47 €.
Voltando ao Orçamento para 2008, num total de 10.203.350,00, as Despesas Correntes previstas importam em 6.849.350,00 (só para Despesas de Pessoal estão afectados 3.954.900,00), enquanto para Despesas de Capital (investimento) foram orçamentados 3.354.000,00 €.
Face a estes valores e porque neste período é difícil quantificar o que se gastou, resta-me poder enumerar os investimentos inscritos no Orçamento e que foram ou estão em execução:
- Variante à Zona Industrial (executada);
- Implementação e Arranjos na Rotunda da Variante (executado);
- Requalificação do Jardim Municipal (em execução);
- Recuperação das Casas da Rua Direita e de São João (em execução);
- Trabalhos de Terraplanagem na Zona Industrial (em execução);
- Reparação e Conservação da Estrada Municipal da D. Joana (Arranjo de Buracos- Execução);
- Cobertura da Casa do Assento e trabalhos de carpintaria/canalização (em execução);
- Beneficiação do Parque Desportivo de Degolados (em execução);
- Colector da Fonte Nova (em execução-obra adjudicada);
- Infraestruturas do Loteamento da Fonte Nova (por iniciar).
Pelo referido pode-se concluir que muito pouco foi feito nestes 9 meses e nem se aproveitaram os financiamentos aprovados que atrás referi. Será que João Burrica está à espera que inicie 2009, por ser ano de Eleições e assim, ao orçamentá-los poder retirar dividendos políticos para uma eventual candidatura com independente?
Onde é que o actual Presidente afecta as largas dezenas de Funcionários do Quadro, Contratados e Avençados, que custam ao Município anualmente mais de 3.900.000,oo €?
Na Conta de Gerência, a aprovar em Abril do próximo ano, poder-se-á fazer uma análise mais correcta destes factos.
Como disse no princípio, os Cidadãos que responderam ao inquérito, na posse destes e outros dados, certamente que alterariam o sentido da sua resposta. Importa ainda referir que num trabalho que publiquei neste Blogue no passado dia 9 de Setembro, transcrevi duas deliberações do Executivo que chumbaram uma proposta do Vereador João Muacho acerca da Rede Viária (obras com financiamento aprovado-C.M.1109;Estradas da Barragem e Ouguela), que estando inscritas no Orçamento e com financiamento assegurado, o Senhor Presidente argumentou existirem dificuldades financeiras, o que é uma verdadeira mentira.
Assim é que se vê como João Burrica gere o nosso Concelho! Esta forma de gestão é feita em cima do joelho, sem qualquer programação e sem objectivos definidos. Quem paga somos todos nós e Campo Maior que deveria ser um dos Concelhos mais desenvolvidos do Norte Alentejano continua marcando passo vendo os outros Concelhos progredirem e como diz o Povo "Deus dá Nozes a quem não tem dentes".
Campo Maior,20 de Setembro de 2008
siripipi-alentejano

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Semana das Tradições uma utopia - o seu rescaldo...

Ainda bem que chegou ao fim a malograda Semana das Tradições, muito se falou, escreveu e contestou, muitos foram os Turistas que enganados se deslocaram a Campo Maior pensando tratar-se das Festas do Povo, o nome da nossa Terra e as suas Gentes foram postas em causa.
Nos vários Blogues de Campomaiorenses foram editados variadíssimos posts que mereceram dezenas de comentários. Eu, em 23 de Agosto e 2 de Setembro, publiquei dois trabalhos, um sobre as Tradições e o segundo narrava um conto "Era uma vez uma Primavera em Setembro".
Hoje vou fazer o rescaldo da Semana das Tradições e para complementar tudo o que se escreveu, resolvi publicar, para conhecimento geral, a Nota de Protesto que submeti à Assembleia Municipal em Setembro de 2007, respeitante às Varandas de São João:
Varandas de São João - Nota de Protesto
De 25 de Agosto a 2 de Setembro do ano em curso, a Câmara Municipal realizou uma pseudo Festa e que mereceu divulgação por todo o País, inclusive com site na Internet, induzindo erradamente os potenciais Turistas, como se tratassem das Festas do Povo e onde poderiam apreciar centenas de janelas floridas.
Nessa semana acorreram a Campo Maior algumas centenas de visitantes, que face ao logro em que caíram, se sentiram defraudados, manifestando junto de muitos Campomaiorenses, o seu descontentamento por terem sido enganados.
Contrariando o prefácio assinado pelo Senhor Presidente da Câmara no programa distribuído à População, este evento não foi uma homenagem à nossa memória colectiva e uma oportunidade única para mostrar ao Mundo a cultura, através de Desfiles Etnográficos, da Gastronomia, das Exposições, do Artesanato e, como não podia deixar de ser, das Varandas de São João.
Estas, são palavras de pura demagogia, próprias de quem está muito aquém da nossa realidade, das nossas tradições, dos nossos usos e costumes. Onde estava a Gastronomia, as Exposições e o Artesanato?
As Varandas de São João, tal como em 2006, foram uma imposição da nossa Autarquia, o Povo nunca manifestou interesse na sua realização e a verdade é que só foram ornamentadas cerca de 75 janelas, das quais 62 se situavam no casco histórico da Vila.
Importa lembrar o Senhor Presidente da Câmara que a mais importante das nossas tradições, do nosso património cultural, são as Festas do Povo, sendo estas a maior expressão sócio/cultural de cariz comunitário, únicas em Portugal e quiçá na Europa.
Como é do conhecimento geral, as Festas do Povo só têm lugar quando o Povo quer, nunca podem e devem ser impostas.
As Festas do Povo são um símbolo vivo da nossa Cultura e constituem um verdadeiro manual das nossas Tradições, dos nossos Usos e Costumes e da nossa Hospitalidade, as Varandas de São João nunca fizeram parte da nossa História colectiva.
As Festas do Povo são o corolário dum Mundo de esforço, de fantasia, de entusiasmo sem limites, dedicados à preparação de um extraordinário Jardim florido. Devemos igualmente enaltecer o esforço desenvolvido pelos Campomaiorenses, devemos também falar do poder de que estão imbuídos e que os impulsiona com uma força sobrenatural, tornando-os génios de criatividade e de imaginação. É também do mais elementar princípio de justiça, reconhecer a hospitalidade, a alegria e o carinho que dedicamos aos que nos visitam, o que não sucedeu nesta Semana.
Não nos devemos esquecer que há muitas Terras que tentam imitar as Festas do Povo sem o conseguirem, é imperioso que façamos valer os nossos valores, nessas imitações faltam-lhes a mística de que os Camponeses são detentores, é necessário que a Autarquia registe a patente vdas Festas do Povo como um produto Turístico de elevado valor sócio/cultural.
Voltando ao prefácio do programa das Varandas de São João (evento realizado fora do tempo) quero salientar que todas as actividades previstas para os 9 dias, os Bailes com o Grupo de Saias de Campo Maior tiveram uma elevada participação popular. Esta participação massiva do Povo de Campo Maior deve-se a uma outra forma de expressão cultural - as SAIAS.
As Saias são uma das nossas mais prestigiadas tradições, os seus acordes melodiosos são fruto de uma expressão artística que herdamos dos nossos antepassados.
São estas Tradições (Festas, Saias e Usos e Costumes) que devemos preservar e incentivar nos mais Jovens, a necessidade de lhes darem continuidade, sob pena de o não fazerem, estas diluitem-se no Tempo.
As Varandas de São João e tudo o que se pretende inventar é um desprestígio e uma forma chocante de tentar adulterar a nossa Cultura, as nossas Tradições, os Nossos Usos e Costumes.
Pelos factos referidos, o signatário manifesta publicamente, através deste Órgão Deliberativo, o seu PROTESTO pela realização desta edição das Varandas de São João, todavia, sugiro ao Executivo Municipal o seguinte:
1 - Ponderar a possibilidade, a médio prazo, da criação de um Museu Etnográfico, que congregasse aos recolha, do mais variado espólio cultural, de tradições, de usos e costumes, de gastronomia local com seus utensílios, das nais variadas alfaias agrícolas utilizadas nos séculos XIX e XX e dos nossos Trajes;
2 - Para concretização deste objectivo, é necessário a constituição de equipas pluridisciplinares, capazes da realização de levantamentos exaustivos junto da população mais idosa, naquelas matérias;
3 - Contactar os Agricultores em geral, na intenção de os sensibilizar, solicitando-lhes a cedência de Alfaias Agrícolas antigas e de outros Utensílios que estiveram afectos àquela actividade;
4 - Procurar a criação de um espóçio fotográfico que integre o nosso Património Monumental, as nossas Tradições e factos do nosso passado recente;
5 - As Festas do Povo, segundo os Estatutos da Associação de Festas devem realizar-se de 4 em 4 anos, Aproximamo-nos de 2008, é tempo de se reunirem esforços e de se começar a pensar se vai ou não haver Festas. A Câmara Municipal deverá prestar todo o apoio logístico necessário e na qualidade de Organismo de Administração Publica interceder junto do Poder Regional e Central para que à Associação sejam concedidos subsídios que permitam colmatar as avultadas despesas de realização;
6 - Para que as Festas possam ser auto-suficientes, preconiza-se a encomenda de um estudo de viabilidade económica das Festas, ponderando-se eventuais receitas de bilheteira e aparcamento de viaturas, bem como a forma de adjudicação da cobrança dessas receitas a uma ou mais Empresas de reputada credibilidade."
Foi esta a Nota de Protesto que apresentei e que mereceu a concordância de toda a oposição. contudo a maioria da altura fez ouvidos de mercador e continuou em 2008 com a Semana a que assistimos. Esta nota está actual e na próxima sessão deste Órgão, no final deste mês, voltarei à carga com novo documento. É pena que os Campomaiorenses não compareçam na Assembleia Municipal e exponham igualmente as suas ideias sobre este tema.
Campo Maior, 11 de Setembro de 2008
siripipi-alentejano

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Rede Viária Municipal (Estradas da Barragem, Ouguela e C.M. 1109)

As Autarquias Locais são organismos de administração pública, aos quais estão cometidas Atribuições e Competências. Atribuições: são os fins ou interesses que a Lei põe especialmente a seu cargo visando o interesse público. Competências: são os poderes funcionais que a Lei confere aos Órgãos Autárquicos para desempenho dessas atribuições. Igualmente a Lei define e identifica os Investimentos Públicos cuja execução cabe, em regime de exclusividade aos Municípios. Entre os Princípios Constitucionais que os Municípios e seus Órgãos estão obrigados a cumprir, destaco o Princípio da Especialidade e este princípio determina-lhes que só podem deliberar no âmbito das suas competências e para a realização das atribuições da respectiva Autarquia.
Uma das atribuições que destaco - Transportes e Comunicações, nesta atribuição compete aos Municípios o planeamento, a gestão e a realização de investimentos nos seguintes domínios: Rede Viária Municipal, Rede de Transportes Regulares Municipais, etc..
Esta introdução, serve para enquadrar o tema que hoje trago à discussão - a Rede Viária Municipal.
A minha intenção é alertar para o estado calamitoso em que se encontra a nossa Rede Viária, especialmente as Estradas da Barragem, Ouguela e o C.M. 1109 (do cruzamento do C.M. 1115 até ao limite do concelho de Elvas). Digo calamitoso porque se os compararmos com a Rede Viária de Elvas (completamente recuperados com pisos novos) os nossos são autênticas picadas e os deles auto-estradas, para o confirmarem basta irem a Santa Eulália, Povo de São Vicente, Barbacena e até a estrada Municipal que liga Santa Eulália a Monforte e constatar esta afirmação.
No nosso Concelho o que encontramos? Pisos e valetas degradadas e estradas intransitáveis (C.M.1109).
Rondão de Almeida elaborou os projectos necessários, candidatou-os a Fundos Comunitários, abriu concursos e a obra está feita!
A Câmara de Campo Maior conhece a situação da sua Rede Viária e digo-o porque tive acesso, através da Internet, de uma folha de informação do Vereador João Muacho com propostas apresentadas em reunião de 5 de Março do ano em curso e das deliberações que foram tomadas.
Por achar importante que seja do domínio público e para que retirem as ilações que acharem por convenientes, bem como para conhecerem a forma de actuar dos Políticos que elegemos, que realizei este trabalho.
Todos sabemos as razões que levaram João Muacho a deixar o cargo de Vereador em Regime de Permanência, sobre o assunto muito se escreveu e falou, no entanto ele continua a integrar o Executivo, mas agora sem pelouros, apresentando propostas para análise e discussão.
Na referida reunião de 5 de Março, entre outras, apresentou estas duas propostas:
1 - Repavimentação/Reparação/Correcção da Estrada da Barragem - Ex-E.N.243, propondo que se procedesse à necessária modificação aos documentos provisionais, alterando o Plano Plurianual de Investimentos, dotando a rubrica competente de verba necessária para a execução da obra mencionada. Que fosse lançado concurso, o mais rápido possível, nos termos da Lei, para a referida obra.
Deliberação: - O Senhor Presidente usou da palavra e referiu que apesar de várias vezes ter falado com o Senhor Vereador João Muacho sobre esta e outras obras, o Senhor Vereador também tem conhecimento que este Município só não faz mais obras, em virtude das dificuldades financeiras com que nos debatemos.
O Senhor Vereador João Muacho usou da palavra e referiu que as obras só não são feitas, porque o Senhor Presidente teria outras preferências.
A Senhora Vereadora Isabel Raminhas usou da palavra e informou o Senhor Presidente que gostaria de ver esta Estrada e outras arranjadas, mas também reconhece as limitações do orçamento do Município.
O Senhor Vereador Francisco Fonenga usou da palavra e disse que a ex-E.N. 243 é muito utilizada, mas também existem outras no Concelho que precisam de reparação a curto prazo, nomeadamente a Estrada de Ouguela, só lamenta é que o Senhor Vereador João Muacho tenha sido eleito com o actual Executivo e só agora depois de renunciar à delegação de competências e passar a Vereador em regime de não permanência, apresenta estas propostas, assim, face ao exposto o seu sentido de voto seria a abstenção, em virtude de não compactuar com politiquices.
Posta à votação a referida proposta, esta não foi aprovada, por maioria, com dois votos contra, um do Senhor Presidente e outro da Senhora Vereadora Ana Golaio, duas abstenções dos Vereadores Senhor Francisco Fonenga e Senhora Isabel Raminhas e um voto a favor do Senhor Vereador João Muacho (cópia fiel da acta).
2 - Repavimentação/Reparação/Correcção do Traçado do C.M. 1109 (do cruzamento do C.M. 1115 até ao limite do concelho de Elvas). Propunha que se procedesse à necessária modificação dos documentos provisionais, alterando o plano plurianual de Investimentos, dotando a rubrica competente da verba necessária para a execução da obra. Que seja lançado concurso, nos termos da Lei, para a referida obra...
Deliberação: -O Senhor Presidente usou da palavra e informou que relativamente a esta obra, também não tem possibilidades de a fazer em virtude das dificuldades financeiras.
Posta à votação a referida proposta, a mesma, não foi aprovada por maioria, com dois votos contra, um do Senhor Presidente e outro da Vereadora Senhora Ana Golaio, duas abstenções dos Vereadores Francisco Fonenga e Isabel Raminhas e um voto a favor do Vereador João Muacho (cópia fiel da acta).
Perante estas duas deliberações e conhecendo como a Câmara Municipal aplica os dinheiros do seu Orçamento, lamento que o Executivo faça esta análise e delibere reprovando as propostas. É de lamentar que não esteja sensibilizado ao reconhecer a necessidade das obras e no cumprimento de um atribuição que lhe está cometida.
Então há milhares e milhares de euros para gastar em actividades supérfluas, quando podiam ser canalizados para a Rede Viária Municipal!
Caminhamos para o final do 3º trimestre de 2008 e poder-se-á perguntar: Onde foram gastos os dinheiros do Orçamento Municipal deste ano, uma vez que as grandes obras podem contar-se pelos cinco dedos de uma mão?
Esta votação leva-me a poder afirmar que na Câmara Municipal a única oposição é a do Vereador João Muacho e essa, pelas propostas que apresenta, é uma oposição coerente, séria. A abstenção dos outros Vereadores permitiram a inviabilização das propostas de João Muacho, contribuíram assim para que aquelas Estradas se continuem a degradar.
Nisto há uma verdade incontestável, o C.M. 1109 consta dos Orçamentos Municipais desde o primeiro Mandato de João Burrica e passados tantos anos, para nossa infelicidade, não se vislumbra quando poderá ser reparado, no entanto, continua a haver centenas de milhares de Euros para Tradições, Festas, Almoços, Jantares, Excursões e Espectáculos de Variedades.
Infelizmente o que dá votos não é a Rede Viária Municipal.
Campo Maior, 9 de Setembro de 2008
siripipi-alentejano

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Era uma vez...Uma Primavera em Setembro

Setembro é o mês de transição do Verão para o Outono, o calor vai diminuindo as primeiras chuvas vão aparecendo. Campo Maior e suas gentes, imbuídas de uma força avassaladora e quando o querer e a vontade delas se apodera, faziam desses finais de Verão, uma Primavera em Setembro.
É assim que futuramente teremos que contar aos nossos filhos e netos uma das maiores realidades da nossa Gente - "As Festas do Povo, dos Artistas, das Flores" - temos que lhes explicar que se tratava de uma Tradição com mais de cem anos, que só tinha lugar por vontade expressa do Povo e nunca por imposição, todavia, essa imposição deu-se uma vez e o resultado todos sabemos qual foi!
Ao contar esta história, devemos dizer-lhes que essas Festas sempre foram fruto do trabalho desinteressado de todos, trabalho espontâneo executado durante meses consecutivos, conseguindo-se com muito amor e carinho transformar a nossa Vila num Jardim Multicolor e Paradisíaco. Só a vontade, o querer e a força aglutinadora deste Povo é que consegue realizar essa magistral beleza.
Estas Festas são a alma do seu Povo, traduz a grandeza e a tradição de todo um colectivo, as quais não podem deixar de marcar com deslumbramento, a arte e a magia desse cartaz cultural e turístico que os Campomaiorenses se habituaram a conceber e a mostrar ao Mundo.
Infelizmente essa vontade esmoreceu. houve uma triste gestão nas últimas Festas e o Povo que sempre trabalhou desinteressadamente sentiu-se traído e a continuidade desse evento foi posto em causa.
Ao longo dos anos sempre escrevi e defendi este magnifico Património Cultural, apelei à Juventude para preservarem esta herança e até houve quem me tivesse ofendido e contestado por posições que assumi relativamente a imitações feitas noutras localidades. Como Campomaiorense nunca deixei cair os braços, respondi, barafustei, fiz prevalecer as minhas convicções, todavia. há razões que a razão não entende que me obriga, como homem de princípios, a dar razão a quem pensava não a ter.
Tenho o dever de me penitenciar dos meus erros -"Errar é próprio dos Homens" - errei ao contestar agressivamente a forma como eram concebidas as Festas do Redondo, Cartaxo, Tomar, Ermidas do Sado,etc., hoje tenho que pedir-lhes desculpa, dar-lhes razão nalguns aspectos. Nas Festas do Povo de 2000 e 2004 foram usados os mesmo métodos dessas Festas, não foi a vontade popular e o seu querer que as determinaram, foram outros interesses e o futuro deu-me a razão, quais terão sido esses interesses?
A verdade é que neste Setembro de 2008, a Primavera murchou, as Festas caíram no esquecimento e por força de alguma magia barata e para tapar o Sol com uma peneira, impuseram-nos a Semana das Tradições.
A minha voz não se calará, continuarei a apelar à continuidade das Festas do Povo, não nos devemos submeter à vontade de Associações ou Políticos de meia tigela e isso só será possível se o Povo quiser continuar a preservar os nossos usos e costumes, o nosso Património Cultural, não podemos deixar vulgarizar as Festas do Povo, temos que lutar para que seja a vontade do Povo, a nossa voz interior, a nossa alma Campomaiorense, o nosso amor a dizer "VAMOS FAZER FESTAS DO POVO, não podemos permitir que haja pessoas ou personalidades que queiram servir-se delas para colherem frutos ou tirarem dividendos.
A nossa verdadeira Tradição são as Festas do Povo e não as Semanas das Pseudo-Tradições.
Campo Maior, 2 de Setembro de 2008
siripipi-alentejano