ALENTEJO
TANTA TERRA ABANDONADA
Ao
ouvir uma interpretação de Dulce Pontes relacionada com o nosso Alentejo,
suou-me como uma pulga nos ouvidos e deixou-me a pensar nessa infeliz verdade.
É
uma infeliz verdade porque continuamos a viver em crise, porque diariamente somos
confrontados na Comunicação Social, com conflitos Sociais, com narrativas da
vida de miséria que existe e da fome que se vai arrastando e que se tornou numa
pandemia, enquanto o nosso Governo diz que estamos crescendo, que vai havendo
menos desemprego, que estamos no bom caminho!
Como
é possível que estes Senhores nos queiram meter Lisboa pelos olhos, quando a
realidade é outra, nos meus 70 anos de vida, só nos anos anteriores ao Abril de
74 é que me recorda a miséria em que vivia o nosso Povo, vivia-se com salários
de miséria, com fome em condições desumanas e sem acesso à Educação e Cultura,
vivia-se encostado a uma parede manietados por um Regime Ditatorial que os
inibia de procurar outra forma de vida, senão a de irem para a Guerra ou
servirem os Senhores da Terra.
A
Terra que existia nesses tempos, é a mesma que hoje continua a existir, mas com
uma nuance bastante diferente, antigamente o campo produzia cereais à base da
força humana e de muares, porque a tecnologia ainda estava a dar os primeiros
passos, mas hoje com todas as descobertas que foram feitas, a principal das
descobertas, além das Maquinarias, foi a SUBSIDIO-DEPENDÊNCIA, os campos
passaram a ser povoados de Gado, em que a mão-de-obra é diminuta e os Lucros
são suficientes para viverem vidas de Lordes.
Quem
percorrer o nosso Distrito, basta de Campo Maior a Portalegre (48 Km) não
encontra um palmo de Terra cultivado, o que vê, Montado e Gado e mais nada,
todavia, nós ainda possuímos alguma cultura arvense, é o Olival e Fruticultura
que dá algum rendimento e absorve alguma mão-de-obra, esta também já não tem o
mesmo número de Trabalhadores porque a Maquinaria contribuiu e de que maneira,
para a sua diminuição, por um lado quem veio a beneficiar desses trabalhadores
foram as Industrias que se fixaram e se desenvolveram.
Pegando
de novo no tema “ALENTEJO TANTA TERRA ABANDONADA” é urgente por estarmos perto
de um novo período Eleitoral, alertar as Forças Politicas para a necessidade de
analisarem esta situação e com os Fundos Comunitários existentes, elaborarem
projectos de candidatura para REJUVENESCER A AGRICULTURA, criando e apelando
aos Jovens para se dedicarem de novo à produção Agrícola como forma de se
combater a crise que assola o País.
É
uma aposta que o Governo tem que ter em conta, o País precisa de deixar de
produzir para uma economia de subsistência, tem que produzir bem em quantidade
e qualidade para que a Economia se desenvolva. É necessário Agricultores Jovens
e de vistas largas que saibam analisar as necessidades e os produtos que devem
produzir e que tenham mercado na Europa.
Há
uma dádiva que nos foi legada – CLIMA – que deve ser aproveitado porque se pode
produzir produtos antes de tempo, é necessário uma política de solos para que
se possa produzir o que é rentável e que se aplique à qualidade dos nossos
terrenos, igualmente se deve pugnar por criar pontos de armazenamento e de frio
para conservação, a criação de Cooperativas, como se faz na nossa vizinha
Espanha, seria uma das vertentes a ter em conta.
Portugal
não pode permitir que o ALENTEJO TANHA TANTA TERRA ABANDONADA, OS Políticos devem
sair dos seus Gabinetes, visitarem o Alentejo reunindo com as Forças vivas e
discutirem olhos nos olhos esta triste realidade.
Siripipi-Alentejano
Campo
Maior, 8 de Junho de 2015