sexta-feira, 22 de agosto de 2014

BOYS, ENGRAXADORES, LAMBITAS E LAMBE-BOTAS

Num País em crise, onde impera a Lei do mais forte e em que a vida das Pessoas não conta e se tornou numa Selva, as Pessoas para sobreviverem, tornam-se por vezes joguetes dos poderosos e há até os que para viverem se sujeitam a enveredar por princípios imorais.
A Sociedade onde estamos inseridos presta-se, a que para se atingirem determinados objectivos, muitos não olhem a meios para os alcançar, mesmo que para tal seja necessário usar esquemas de subserviência, de sabujice e de cariz pidesco, o que lhes importa é que eles estejam bem e que o seu semelhante se lixe.
Na política, no emprego, na vida em sociedade, são as áreas mais vulneráveis e propensas a este tipo de actuação, é aqui que os espertos aparecem para se auto-promoverem, usando os mais variados esquemas, infiltram-se nas esferas de acção das Chefias, dos Patrões, dos Políticos e como um Polvo estendem os Tentáculos e manipulam-nos, nunca para beneficiarem o próximo, mas sim para seu interesse pessoal.
Na vida Associativa há por vezes situações semelhantes, todavia, nesta área que se rege por regras contidas no Direito Civil e pelos Regulamentos dessas Instituições, o que mais transparece é a apetência pelo Poder ao ficarem vários mandatos à frente dos seus destinos, fazendo crer que são insubstituíveis e até se julgam que são os seus legítimos donos, o que não é verdade face a Lei vigente. Também há os que através de outros esquemas, pouco lícitos, conseguem continuar nas cadeiras do Poder.
Nestes casos, também importa referir, que por vezes a falta de gente interessada para o desempenho de um cargo de direcção, obriga à sua continuidade e essa continuidade cria vícios nocivos e por vezes perversos.
No mundo laboral é onde se nota mais a existência de engraxadores, lambitas e lambe-botas, aqui a vida é uma selva quase virgem, de caminhos difíceis onde impera a inveja, a sabujice e em que o Trabalhador tem que conviver com gente sem escrúpulos, ávida de poder e sempre pronta a chibar, desde que disso tire algum proveito.
É no mundo do trabalho que surgem as situações mais gritantes face ao grande número de desempregados, a necessidade de manter o posto de trabalho, quase que obriga o trabalhador para o manter a abraçar situações menos correctas que podem prejudicar quem com ele convive.
Na Política, a situação é muito mais complexa e susceptível de lutas internas, porque a apetência pelo Poder ou a nomeação para o desempenho de funções pública/partidárias, ultrapassa o bom senso de cada um e até pode transformar amigos em inimigos, como criar feridas profundas no seio dos seus Partidos.
Os Boys ou benjamins de alguns Senhores da Política, muito Jovens e sem experiência de vida, que proliferam nos Partidos, julgam-se no direito de preferência para o desempenho dum qualquer cargo, e para mal dos nossos pecados, muitas vezes são posto como responsáveis de cargos públicos sem experiência e sem preparação.
Em todos os sectores da vida existem esse tipo de Gente, o estado em que se encontra Portugal, é fruto da inépcia, da imaturidade e da falta de preparação dos Boys que se colaram aos Partidos e é igualmente fruto da acção dos Lambitas e dos Lambe-Botas de que a nossa Sociedade está recheada, os afilhados e os padrinhos continuarão a fazer das suas e o Zé Povinho dificilmente conseguirá sair e sobreviver deste marasmo em que o nosso País se tornou.
Siripipi-Alentejano
Campo Maior, 22 de Agosto de 2014



quarta-feira, 13 de agosto de 2014

EMIGRANTES DE Férias

O Verão está no auge e os nossos Emigrantes regressam para passarem um período de merecidas Férias junto de todos os seus Familiares e ao mesmo tempo, saborearem com avidez os prazeres que as suas Terras lhes proporcionam.
Após um ano de árduo trabalho, muitas vezes em condições adversas, esperam pela hora de partirem, para poderem matar a saudade que lhes ruía a alma, é a Família, os Amigos, as Romarias, o Descanso, a Gastronomia, os Petisquinhos e o nosso Sol, que ao longo desse ano de trabalho lhes falta e que se torna numa miragem, que se vai tornar realidade todos os Verões ou no Natal.
Ao falar de Emigrantes, é obrigatório voltar ao século passado, anos sessenta/setenta, para remexer o Baú das recordações e retirar as razões políticas e sociais que desencadearam esse tão grande movimento de Pessoas, os Jovens de hoje desconhecem essa situação, Portugal era um País cinzento, sem alegria, onde imperava a Fome e Desemprego, governado por um Ditador Fascista que oprimia o Povo e o manietava. A Terra estava nas mãos dos Latifundiários que exploravam o trabalhador porque, por não existir Industria ou outras formas de trabalho, sujeitavam-se por batuta e meia a servirem os Senhores.
Nessa época existiam algumas artes e ofícios, que dispunham de pouca mão-de-obra, mas que ainda iam ensinando algum ofício aos que não tinham ou não queriam o trabalho do campo.
A Educação e a Cultura eram deficientes, nem todos podiam ir à Escola porque a necessidade das Famílias em angariarem o seu sustento, não se podiam dar ao luxo de mandar os seus Filhos aprender a Ler, porque eles tinha que trabalhar para ajudar a casa, enquanto a Escola não era obrigatória. O analfabetismo era um dos males da Sociedade desses tempos, aos Governantes interessava-lhes o Povo inculto e analfabeto para os poderem manobrar a seu belo prazer.
A eclosão das lutas dos Povos das antigas Colónias pela sua Libertação, levou a que o Ditador Salazar determinasse o envio imediato de Forças Militares para as defenderem, uma vez que a exploração desses Povos era a maior fonte de riqueza do País. Se foi uma Fonte de Riqueza, também se tornou um Cemitério de Vidas, nessa nefasta Guerra pareceram milhares de Jovens que foram obrigados a pegarem Armas contra a sua vontade.
Diz o Povo, que depois da tempestade vem a bonança, a verdade é que essa injusta Guerra levou a que muitos Portugueses fugissem do País, para não irem à Guerra e procurassem o seu sustento emigrando. A emigração, que não era autorizada, tornou-se como clandestina, a melhor forma de deixar o País.
A par dos Jovens, os mais velhos perderam o medo e começaram igualmente, pela calada da noite, com o auxílio de passadores, rumarem a outros Países na miragem de uma vida melhor. Em principio eram os Homens, mais tarde e quando já existia alguma estabilidade, iam as esposas e só depois os Filhos.
A história da Emigração, os sacrifícios e as dificuldades que os primeiros Emigrantes passaram, são histórias de Vida merecedoras de serem conhecidas pela sua vivência, pelo seu sacrifício, pelas dificuldades encontradas (Língua, clima, integração) e habituação à forma de vida desses Países.
A emigração contribuiu para que o Portugal de hoje se modernizasse, com as suas poupanças e com os conhecimentos que adquiriram nos seus postos de trabalho, contribuíram para o nosso desenvolvimento, mas também foram eles que ajudaram a construir e a desenvolver os Países que os acolheram, tornando-os mais ricos.
É verdade que nem sempre a Emigração foi uma Gaiola Dourada, para se chegar a ter-se uma posição cómoda, houve muitos Emigrantes que passaram, no início por situações extremamente difíceis, mas na verdade onde há um Português, a solidariedade não é uma palavra vã e a ajuda surge imediatamente quer para os abrigar nos primeiros dias, quer para os ajudarem na procura de trabalho.
A Emigração de hoje é diferente, grande parte dos novos Emigrantes são Jovens Licenciados que procuram disponibilizar os conhecimentos adquiridos nas nossas Universidades, cursos pagos pelos dinheiros dos Pais e do País, para ajudarem com seus conhecimentos o desenvolvimento de outros Países.
Um País que não faz nada pelos seus Jovens e que os manda emigrar, não merece os Filhos que tem.
Os Emigrantes que estão chegando, para gozarem as suas Férias merecem, pelo esforço, nostalgia e as saudades que sempre os acompanha, serem recebidos e terem bons dias de descanso e de retemperarem as forças para mais uma nova etapa de Trabalho.
Siripipi-Alentejano
Campo Maior, 13 de Agosto de 2014





sábado, 9 de agosto de 2014

AS NOSSAS TRADIÇÕES
FEIRA DE SANTA MARIA DE AGOSTO E FESTAS DOS ARTISTAS

A história de um Povo mede-se em face das suas Tradições, dos seus Usos e Costumes e da sua história, esta é-nos transmitida através de fontes orais, documentais e monumentais.
A propósito de Tradições, em 2008 escrevi um artigo com este título e chamei a atenção dos mais velhos, dizendo-lhes que nos tempos da Velha Senhora, os Governantes de então, para manterem o Povo sereno e distraído, davam-lhes Festas e transmissões de Futebol (a que chamavam ópio do Povo) e assim mantinham-nos afastados dos problemas do dia-a-dia (a guerra no Ultramar, a fome, a discriminação e uma vida de opressão) foi neste contexto que o Povo optou pela Emigração, no intuito de terem uma vida melhor e de fugirem à ditadura.
A Revolução dos Cravos trouxe a Liberdade e impôs a Democracia, contudo a nossa História, os nossos Usos e Costumes, as nossas Tradições prosseguiram com muito mais clarividência e libertas dos espartilhos que a Ditadura impunha.
Existem Tradições que advêm desses tempos imemoriais, mas da nossa História mais recente, quando não eram Religiosas (Enxara, São Joãozinho e Feira de Stª. Maria de Agosto), surgia de tempos a tempos e só quando o Povo queria, a extraordinária Festas do Povo, das Flores ou dos Artistas.
Reza a nossa História (Fonte Oral) que a Festa dos Artistas surgiu por vontade desses Profissionais para fazerem frente a uma outra Festa que se realizava por vontade dos Trabalhadores do Campo e dos Hortelões, a ser verdade este argumento, resta-nos o dever de agradecer essa vontade, abraça-la com amor e dar-lhe continuidade de geração em geração.
As Festas do Povo são o nosso Ex-Libris e são a forma mais nobre de dar a conhecer ao Mundo a Arte de um Povo que durante o Dia trabalha arduamente e há Noite, ao serão, consegue transformar o Papel em manifestações de arte e magia, que deslumbra quem nos visita. Os que nos visitam (dificilmente quantificável) não podem ser defraudados, pois é do esforço, do poder, desse poder inigualável de criatividade e imaginação, das mãos hábeis e maravilhosas do nosso Povo, é que nasce o encanto e o prestígio que as Festas hoje desfrutam e como tal temos que fazer juz a quem nos procura.
As Festas do Povo é uma das nossas maiores Tradições, no século passado realizaram-se 22 Edições em (1923-1927-1936-1937-1938-1939-1941-1944-1952-1953-1957-1961-1964-1972-1983-1985-1989-1995-1998-2000-2004 e 2011) estas são as que se conhecem por factos orais e documentais.
Como Campomaiorense sou um defensor acérrimo da realização das Festas do Povo e ficaria mal com a minha consciência, se não defendesse a nossa Cultura e as nossas Tradições. A minha voz não se calará, continuarei a apelar à sua continuidade e isso só é possível se a Juventude de hoje quiser continuar a preservar os nossos usos e costumes, o nosso Património Cultural, não podemos deixar vulgarizar as Festas do Povo, temos que lutar para que seja a vontade do Povo, a nossa voz interior, a nossa Alma Campomaiorense, o nosso Amor a exigir que se realizem FESTAS DO POVO.
A nossa Autarquia nos últimos anos, tem aproveitado a realização da Feira de Santa Maria de Agosto, para ornamentar o Jardim Municipal, fê-lo em boa hora e a sua intenção é, no meu entender, é a de dar continuidade e inovar, promovendo as suas principais tradições, destacando-se a arte de trabalhar o papel, promovendo o 3º. Jardim Florido.
Este evento, segundo a nossa Autarquia, é uma nova demonstração de arte e carinho, um Jardim de Papel como forma de homenagear as nossas Festase as suas Gentes.
Em 2011, na sua 1ª. Edição, o Presidente da Autarquia, Engº Ricardo Pinheiro, referia no editorial do Programa, passo a citar: “Também no Jardim Municipal poderemos (re) viver as Festas do Povo de Campo Maior, com dois apontamentos de Arte que tão bem caracteriza os Campomaiorenses”.
Pois bem, elas aí estão, vamos desfrutá-las pensando que em 2015, os Campomaiorenses possam dar ao Mundo um novo cartaz de Magia e Beleza.
Termino dizendo-vos que a riqueza de um Povo assenta em dois factores importantes, o primeiro deriva da congregação existente entre a sua História, Cultura, Educação, Património Monumental, Tradições, Usos e Costumes, etc. e o segundo das suas Gentes, da sua Juventude. Acresce que as Festas são um fenómeno de cariz essencialmente popular e como já anteriormente disse, só têm lugar se o Povo as desejar, a sua vontade determina a realização.
Siripipi-Alentejano
Campo Maior, 9 de Agosto de 2014                                                                             
  


sexta-feira, 1 de agosto de 2014


ACTO DE CONTRIÇÃO
Haverá porventura alguém na vida, que não se tenha arrependido de algo errado que cometeu, e em consciência analise esses erros, e arrepender-se ao fazer um acto de contrição?
Julgo que o mais comum dos mortais já passou por essas situações, relevar os nossos erros mediante um exercício de pensamento, é uma forma salutar e digna de dar a volta ao que está supostamente errado.
Na vida de cada um e na Política, confrontamo-nos com estas situações e depois de em consciência, numa análise fria e isenta, reconhecer que estamos errados, é a prova de que estamos lúcidos e que conferimos o benefício da dúvida aos que estavam mais certos do que nós. O ser humano, com os pés bem assentes na Terra, deve proceder assim.
Resolvi nesta introdução ao tema em epígrafe, divagar um pouco como se de um aperitivo se tratasse para um bom repasto, a verdade é que o período que o Mundo e os Portugueses estão atravessando, tornaram-se num manancial de informação, por vezes bastante explosiva, que nos surge minuto a minuto e que transforma o Mundo num Barril de Pólvora à beira de explodir.
A Paz, a Harmonia, a Solidariedade, deixaram de ser metas a atingir, para se tornarem num labirinto difícil de ultrapassar, os Povos subjugados e dominados por usuários e pelos Senhores da Guerra impõem as suas vontades para poderem dominar o Mundo como eles querem.
Olhe-se para o Médio Oriente, para o Leste da Europa, para os Países Africanos possuidores de Ouro Preto e o que é que vemos? Guerras, Fome, Sofrimento, Miséria e os Senhores, esses mantêm o seu domínio espezinhando os seus Povos com um único objectivo, o seu bem-estar e a garantia de continuarem a dominar. Esses arautos do Poder gozam de imunidades porque os seus negócios vivem da exploração, da Guerra e da miséria dos Povo envolvidos.
Na Política passa-se a mesmíssima coisa, cada um puxa a brasa à sua Sardinha, ou seja propagandeia a seu belo prazer objectivos irreais e incapazes de serem atingidos, prometer é fácil, cumprir é extremamente mais difícil. O Povo com a sua simplicidade e com a sua pouca Cultura vai atrás desses vendedores de Banha da Cobra, iludindo-nos com fantasiosas ilusões.
Já alguma vez vimos um dos Políticos da nossa Praça, cumprir o que prometeu em Campanha Eleitoral? Se houver alguém a dizer que sim, tenho a certeza que de imediato a esmagadora maioria dos Portugueses diria que era mentira. Todos sabemos o que foi prometido pelo actual Governo em Campanha – não cortar vencimentos, não aumentar impostos, não despedir ninguém, acabar com o desemprego, etc, - Cumpriram? Não! São mentirosos compulsivos e nós Povo, somos os verdadeiros culpados por lhes consentirmos essas mentiras.
Esses Governantes já alguma vez reflectiram relativamente à forma como o Povo está vivendo e as dificuldades que passa, face à sua acção Governativa? Alguma vez esses iluminados da Política que estão no Poder e os que estão na Oposição já fizeram o seu ACTO DE CONTRIÇÃO?
A verdade é que eles sabem que o Acto de Contrição é um exercício de memória da sua acção como responsáveis e é uma forma de se penitenciarem pelos erros cometidos, e de afirmação de não cometimento dos mesmos no futuro.
Neste momento, há no nosso País muitas áreas onde os seus intervenientes devem fazer o seu Acto de Contrição antes de tomarem as suas decisões para bem de todo o Povo Português, recorda-se os casos BES, as Eleições Inter-Partidárias no PS, as Matérias Salariais da Função Pública, Pensões e Reformas, os assuntos em análise no TC, etc a nível Nacional e há igualmente a necessidade do Governo ponderar as suas posições em matérias internacionais de que esteja em jogo a vida dos Portugueses.
Por tudo isto, qualquer decisão que um decisor deva tomar em prol da Comunidade nunca deve ser tomada sem o competente Acto de Contrição.
Siripipi-Alentejano
Campo Maior, 1 de Agosto de 2014