sábado, 30 de janeiro de 2010

Quando haverá Festas do Povo<'

No século passado as Festas do Povo realizaram-se em 1923-1927-1936-1937-1938-1939-1941-1944-1952-1953-1957-1961-1964-1972-1982-1985-1989-1995-1998. Em cada ano que se realizam, o povo de Campo Maior faz questão que sejam cada vez mais brilhantes e mais imaginativas. O seu trabalho não tem preço, é árduo e persistente, realizado com prazer traduz a sua alma e os seus sentimentos generosos. Cada flôr ou qualquer outro enfeite, no seu mais intimo pormenor retrata a sua alma delicada em que o amor e arte são subjacentes.
A última edição das Festas do Povo teve lugar em 2004, já passaram 5 anos, é tempo de voltarmos a dar-lhe vida, o novo Executivo pretende que as Festas voltem a ser uma realidade, há necessidade de se ultrapassarem os entraves criados em redor de um passado recente e criar no nosso Povo uma nova apetência.
O período de tempo mais longo sem Festas foi entre 1964-1972-1982 e 1989-1995. As Festas sempre se realizaram quando o Povo mostrava a sua vontade, impô-las tornar-se-ia um erro enormíssimo e isso já sucedeu com resultados que todos conhecemos.
A riqueza de um Povo assenta em dois factores assaz importantes, o primeiro deriva da congregação existente entre a sua história, cultura, educação, património, tradições, usos e costumes, etc., e o segundo das suas gentes, da sua juventude.
Campo Maior possui os ingredientes atrás referidos, colocando-a a par das de maior riqueza. Temos história e património arquitectónico, sentimos ainda hoje nos seus monumentos, nas suas casas apalaçadas, a herança de grandes e bravos homens.
Igualmente somos possuidores de tradições, de usos e costumes riquíssimos, transmitidos de geração em geração, que preservámos e que devemos igualmente incutir na juventude para que não se diluam no tempo.
Das nossas tradições, além da gastronomia (mal aproveitada) e das saias, emerge como a maior das suas manifestações artísticas as “FESTAS DO POVO”.
É um património cultural fabuloso cuja expressão artística é quiçá única no Mundo, que obrigatoriamente devemos manter. As Festas do Povo são um fenómeno social de cariz popular que só têm lugar se o Povo as desejar, é a sua vontade que determina a realização das mesmas.
Já decorreram 5 anos, é tempo de se tomarem iniciativas no sentido de incentivar o Povo, é tempo de se pensar em nova edição e para isso é necessário que a Câmara Municipal faça sentir essa necessidade. Campo Maior possui uma grande e promissora juventude, eles irão ser os homens de amanhã e serão eles que vão ter a responsabilidade acrescida de transmitir às novas gerações, as nossas tradições, a nossa história, os nossos usos e costumes. As Festas do Povo são o exemplo desta afirmação e a Juventude tornar-se-á irresponsável e sentirá remorsos se não pegar nesta iniciativa como forma de conservação de um legado dos seus progenitores, susceptível de ser transmitido futuramente aos seus descendentes.
Para 2010 será difícil, vamos pugnar para que 2011 seja ano de Festas,
Campo Maior, 30 de Janeiro de 2010
Siripipi-alentejano

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Derrocada da Muralha - Realojamento dos Cidadãos de Etnia Cigana

Na noite de 4 para 5 de Janeiro, parte da Muralha que circunda a Vila, devido às fortes chuvadas que têm assolado a nossa Região, aluíram e essa derrocada arrastou algumas barracas de cidadãos de etnia cigana.
Este acontecimento fez com que a Comunicação Social, durante alguns dias, tecesse algumas considerações e até se deslocasse a Campo Maior como forma de pressionar as entidades oficiais para a situação.
O nosso Presidente da Câmara, como lhe competia, solicitou audiência ao Secretário de Estado da Protecção Civil, para que em conjunto encontrassem a melhor forma de resolver este problema, esperava-se que assim fosse, no entanto o Governo só quer assumir parte da responsabilidade, passando a batata quente para o Município.
Sobre este tema, permitam-me que faça a seguinte reflexão, os Municípios como Organismos de Administração Pública têm atribuições e competências próprias e entre elas salientam-se: 1 – Em relação ao Património compete-lhes estabelecer protocolos e participar na conservação e reparação do património e das áreas classificadas; 2 – Em matéria de Acção Social, compete-lhes a participação, em cooperação com instituições de solidariedade social e em parceria com a administração central, em programas e projectos de acção social de âmbito municipal, designadamente nos domínios do combate à pobreza e à exclusão social.
A sabedoria popular diz que “Há males que vêm por bem”. Esta derrocada veio despoletar uma situação já velha e assaz debatida- a recuperação do nosso património monumental e o realojamento dos cidadãos de etnia cigana.
O problema da recuperação do património monumental é o mais fácil para o Município, pois trata-se de equipamentos da responsabilidade do Governo e aí a Câmara tem que diligenciar no sentido de que as obras de recuperação sejam céleres.
O problema dos cidadãos ciganos do Mártir Santo é muito mais difícil, trata-se de uma situação que se arrasta desde 1998 e que ainda não foi resolvida por falta de vontade política.
Em 1995 a zona do Mártir Santo foi sujeita pelo IPPAR a obras de conservação e limpeza, tendo a Igreja sido caiada. Há fotografias aéreas tiradas nessas Festas (existe uma dessas fotos na Sala de Reuniões da Câmara) onde se pode verificar que nessa altura não existia nenhuma barraca no Mártir Santo.
Há um dado que importa salientar, em Campo Maior sempre houve famílias ciganas vivendo integradas na nossa comunidade, eram famílias respeitadas, alguns dos seus descendentes continuam por cá. A única barraca que existiu e onde viveram algumas famílias, naturais de Campo Maior, estava sediada no Ribeirinho, os que são da minha geração devem lembrar-se com saudades da Camarila.
Os tempos são diferentes e Campo Maior pela sua situação geográfica ou pela riqueza que gera, tornou-se apetecível para muitas dezenas de famílias ciganas, naturais de outros concelhos, que aqui se fixaram à revelia das mais elementares regras de uma sociedade de princípios éticos.
Não há dúvidas que são cidadãos cujos direitos e deveres devem ser respeitados, eles próprios deveriam ser os primeiros a integrar-se, infelizmente isso não tem sido, a sua vivência no Mártir Santo tem criado inúmeros problemas na vizinhança.
É a altura própria, de uma vez por todas, para recuperar a Igreja e a zona envolvente, mas para isso a Câmara Municipal e o Governo, no uso das competências que lhes cometidas, devem procurar resolver o realojamento dos Ciganos naturais ou residentes em Campo Maior há mais de 10 anos, como foi feito em muitos outros concelhos.
Esse realojamento só pode ser feito com a colaboração do Governo, pois a Autarquia per si, não tem capacidade financeira para o fazer.
Campo Maior, 26 de Janeiro de 2010
Siripipi-alentejano