quinta-feira, 24 de abril de 2014

VAMOS CHAMAR OS BOIS PELOS SEUS NOMES

Portugal e os Portugueses estão vivendo um dos períodos mais difíceis da sua vida contemporânea, para não dizer da sua História recente. A verdade é que nos foi imposta uma austeridade implacável e que nos obriga a viver quase no limiar de uma extrema pobreza.
Muitos são os que já passaram períodos muito difíceis nos anos cinquenta e sessenta, que se viram confrontados com a miséria, a fome, a falta de trabalho e com a opressão imposta por uma Ditadura de mais de quarenta anos, contudo, actualmente em democracia, as dificuldades que vivemos são fruto da imposição de um grupo de agiotas que têm unicamente um objectivo – explorar os nossos recursos e recolher todos os dividendos possíveis, visando a obtenção de lucros que encham os seus cofres sem fundo.
Os incautos, que somos nós e que fomos sujeitos durante décadas a viver uma vida sem esperança e sem futuro, sofremos resignadamente esses horrores e contribuímos com a nossa passividade, que isso se tornasse possível.
Os da minha geração, hoje com mais de sessenta anos, filhos de gente pobre e honrada, lembram-se como foi a sua Juventude, como era querer comer e não o ter, ir para a escola em jejum, descalço, fizesse calor ou frio porque os Pais não lhes podiam proporcionar uma vida melhor.
O trabalho não abundava, o desemprego imperava, a vida era extremamente difícil, o sofrimento e as dificuldades das Pessoas estava expressa nos seus rostos tristes e as crianças que não estavam imunes a essa situação, eram o reflexo dessa vida e os que mais sofriam.
 Nesse tempo, muitos jovens, aos sábados, iam às casas dos Lavradores na esperança de que lhes dessem um Marrocate, um pedaço de queijo ou de toucinho para lhes saciar a fome, uma vez que nas suas casas as necessidades eram muitas e os Pais não tinham trabalho nem nada para lhes dar. Havia um contraste abismal entre os Pobres e os Ricos.
Além do trabalho na Agricultura e nos serviços, havia também quem se dedicava ao contrabando para poder angariar mais alguns recursos, era um trabalho duro e perigoso e que os sujeitava, quando apanhados pelas Autoridades Portuguesas ou Espanholas, à perda do contrabando e à prisão.
Na realidade, a forma de viver do Pobre era difícil, o futuro nunca lhes foi risonho, foi sempre tristonho e incógnito.
A esperança por uma melhor vida esteve sempre nas suas mentes, nunca baixaram os braços, aguardavam que melhores dias iriam aparecer e transformar a sua vida.
O renascer dessa esperança surgiu numa madrugada de Abril quando um punhado se Soldados, fartos das guerras de África e da opressão que se vivia, fruto da Ditadura que vigorava, resolveram devolver ao Povo a Liberdade e implantar a Democracia.
Essa Democracia está a esvaziar-se, está a perder a sua génese e o actual Desgoverno é o culpado dessa situação, é imperioso que se faça algo que permita fazê-la rejuvenescer para que não tenhamos, como diz o Povo, chamar os Bois pelo Nome, ou então apodá-lo de um Governo que deixou de ser Democratico para passar a ser novamente FACHISTA.
Não queremos nunca mais passar a viver como nas décadas de cinquenta e sessenta, queremos continuar a viver em Liberdade e em Democracia onde todos têm os mesmos direitos e deveres.
Siripipi-Alentejano


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