sábado, 26 de outubro de 2013

LAVADOUROS PÚBLICOS


Sempre que vou a Badajoz e passo à Fonte das Negras, olho para o Lavadouro conhecido por Tanquinhos, com nostalgia e recordo o tempo em que as Mulheres de Campo Maior lavavam as suas roupas e as de pessoas que lhes pagavam para executar esse trabalho.
Nas décadas de cinquenta e sessenta do século passado, as donas de casa quando possuíam tanques de cimento, lavavam as suas roupas e as que não possuíam, faziam-no nos Lavadouros Público existentes em volta da Vila, nessa altura as Máquinas de Lavar estavam a dar os primeiros passos e poucos eram os que tinham meios para as adquirir.
As Mulheres desses tempos dedicavam-se às lidas da casa, à lavagem de roupas de pessoas mais abastadas e de trabalhos agrícolas nos períodos sazonais como a monda e a apanha da azeitona, era uma forma de contribuírem para o orçamento familiar.
Nesses tempos existiam os Tanquinhos da Fonte da Negras, os Lavadouros da Fonte Nova, do Rossio e o das Queimadas, procurados diariamente pelas Lavadeiras profissionais e pela restantes donas de casa. As ribeiras (Caia e Xévora) também serviam para as lavagens de roupas e terminado o período da apanha da azeitona era aí que se lavavam os panos utilizados na colheita.
Há enormíssimas histórias da vida das Lavadeiras e dizia-se que era nos lavadouros que se lavava a roupa suja e a língua, aí falava-se do que era e não era, dos amores e desamores, das infidelidades, do useiro e vezeiro. Durante a lavagem das roupas, entre uma e outra conversa havia sempre quem cantasse as SAIAS e era aí que surgiam muitas das modas novas que iam fazer furor nos Bailes.
As Lavadeiras, como outras Artes e Ofícios (Carpinteiros, Serralheiros, Ferreiros, Sapateiros, etc.), foram desaparecendo, alguns nem são lembrados e que eram nesse tempo, escolas de vida e de formação dos Jovens, hoje não há quem ensine essas profissões, nem há quem queira aprendê-las. Não havia Mestre que não tivesse um ou mais aprendizes, eram os Pais que não queriam os filhos nas lides agrícolas, que procuravam dar aos filhos uma profissão como forma de aspirarem a uma vida melhor.
Hoje, os tempos são outros, as novas tecnologias transformaram a vida das pessoas e as Lavadeiras e outros profissionais desapareceram, fruto dessa evolução, restando uma salutar recordação.
Os Lavadouros Públicos deixaram de ser utilizados e desapareceram quase todos por imperativo dessa modernidade, os Tanquinhos da Fonte das Negras estão em estado adiantado de degradação. O Município de Campo Maior tem a obrigação de o recuperar para memória futura, como forma de dar a conhecer às atuais e novas gerações como eram lavadas as roupas antes da existência das imprescindíveis Máquinas de Lavar Roupa.
Há uma atividade que desapareceu em Campo Maior que foi durante muito tempo, uma referência nacional, refiro-me à indústria do Barro (Telhas, Tijolo e Potes) que irei abordar no meu próximo post.
Siripipi-Alentejano
Campo Maior, 26 de Outubro de 2013

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