quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Semana das Tradições uma utopia - o seu rescaldo...

Ainda bem que chegou ao fim a malograda Semana das Tradições, muito se falou, escreveu e contestou, muitos foram os Turistas que enganados se deslocaram a Campo Maior pensando tratar-se das Festas do Povo, o nome da nossa Terra e as suas Gentes foram postas em causa.
Nos vários Blogues de Campomaiorenses foram editados variadíssimos posts que mereceram dezenas de comentários. Eu, em 23 de Agosto e 2 de Setembro, publiquei dois trabalhos, um sobre as Tradições e o segundo narrava um conto "Era uma vez uma Primavera em Setembro".
Hoje vou fazer o rescaldo da Semana das Tradições e para complementar tudo o que se escreveu, resolvi publicar, para conhecimento geral, a Nota de Protesto que submeti à Assembleia Municipal em Setembro de 2007, respeitante às Varandas de São João:
Varandas de São João - Nota de Protesto
De 25 de Agosto a 2 de Setembro do ano em curso, a Câmara Municipal realizou uma pseudo Festa e que mereceu divulgação por todo o País, inclusive com site na Internet, induzindo erradamente os potenciais Turistas, como se tratassem das Festas do Povo e onde poderiam apreciar centenas de janelas floridas.
Nessa semana acorreram a Campo Maior algumas centenas de visitantes, que face ao logro em que caíram, se sentiram defraudados, manifestando junto de muitos Campomaiorenses, o seu descontentamento por terem sido enganados.
Contrariando o prefácio assinado pelo Senhor Presidente da Câmara no programa distribuído à População, este evento não foi uma homenagem à nossa memória colectiva e uma oportunidade única para mostrar ao Mundo a cultura, através de Desfiles Etnográficos, da Gastronomia, das Exposições, do Artesanato e, como não podia deixar de ser, das Varandas de São João.
Estas, são palavras de pura demagogia, próprias de quem está muito aquém da nossa realidade, das nossas tradições, dos nossos usos e costumes. Onde estava a Gastronomia, as Exposições e o Artesanato?
As Varandas de São João, tal como em 2006, foram uma imposição da nossa Autarquia, o Povo nunca manifestou interesse na sua realização e a verdade é que só foram ornamentadas cerca de 75 janelas, das quais 62 se situavam no casco histórico da Vila.
Importa lembrar o Senhor Presidente da Câmara que a mais importante das nossas tradições, do nosso património cultural, são as Festas do Povo, sendo estas a maior expressão sócio/cultural de cariz comunitário, únicas em Portugal e quiçá na Europa.
Como é do conhecimento geral, as Festas do Povo só têm lugar quando o Povo quer, nunca podem e devem ser impostas.
As Festas do Povo são um símbolo vivo da nossa Cultura e constituem um verdadeiro manual das nossas Tradições, dos nossos Usos e Costumes e da nossa Hospitalidade, as Varandas de São João nunca fizeram parte da nossa História colectiva.
As Festas do Povo são o corolário dum Mundo de esforço, de fantasia, de entusiasmo sem limites, dedicados à preparação de um extraordinário Jardim florido. Devemos igualmente enaltecer o esforço desenvolvido pelos Campomaiorenses, devemos também falar do poder de que estão imbuídos e que os impulsiona com uma força sobrenatural, tornando-os génios de criatividade e de imaginação. É também do mais elementar princípio de justiça, reconhecer a hospitalidade, a alegria e o carinho que dedicamos aos que nos visitam, o que não sucedeu nesta Semana.
Não nos devemos esquecer que há muitas Terras que tentam imitar as Festas do Povo sem o conseguirem, é imperioso que façamos valer os nossos valores, nessas imitações faltam-lhes a mística de que os Camponeses são detentores, é necessário que a Autarquia registe a patente vdas Festas do Povo como um produto Turístico de elevado valor sócio/cultural.
Voltando ao prefácio do programa das Varandas de São João (evento realizado fora do tempo) quero salientar que todas as actividades previstas para os 9 dias, os Bailes com o Grupo de Saias de Campo Maior tiveram uma elevada participação popular. Esta participação massiva do Povo de Campo Maior deve-se a uma outra forma de expressão cultural - as SAIAS.
As Saias são uma das nossas mais prestigiadas tradições, os seus acordes melodiosos são fruto de uma expressão artística que herdamos dos nossos antepassados.
São estas Tradições (Festas, Saias e Usos e Costumes) que devemos preservar e incentivar nos mais Jovens, a necessidade de lhes darem continuidade, sob pena de o não fazerem, estas diluitem-se no Tempo.
As Varandas de São João e tudo o que se pretende inventar é um desprestígio e uma forma chocante de tentar adulterar a nossa Cultura, as nossas Tradições, os Nossos Usos e Costumes.
Pelos factos referidos, o signatário manifesta publicamente, através deste Órgão Deliberativo, o seu PROTESTO pela realização desta edição das Varandas de São João, todavia, sugiro ao Executivo Municipal o seguinte:
1 - Ponderar a possibilidade, a médio prazo, da criação de um Museu Etnográfico, que congregasse aos recolha, do mais variado espólio cultural, de tradições, de usos e costumes, de gastronomia local com seus utensílios, das nais variadas alfaias agrícolas utilizadas nos séculos XIX e XX e dos nossos Trajes;
2 - Para concretização deste objectivo, é necessário a constituição de equipas pluridisciplinares, capazes da realização de levantamentos exaustivos junto da população mais idosa, naquelas matérias;
3 - Contactar os Agricultores em geral, na intenção de os sensibilizar, solicitando-lhes a cedência de Alfaias Agrícolas antigas e de outros Utensílios que estiveram afectos àquela actividade;
4 - Procurar a criação de um espóçio fotográfico que integre o nosso Património Monumental, as nossas Tradições e factos do nosso passado recente;
5 - As Festas do Povo, segundo os Estatutos da Associação de Festas devem realizar-se de 4 em 4 anos, Aproximamo-nos de 2008, é tempo de se reunirem esforços e de se começar a pensar se vai ou não haver Festas. A Câmara Municipal deverá prestar todo o apoio logístico necessário e na qualidade de Organismo de Administração Publica interceder junto do Poder Regional e Central para que à Associação sejam concedidos subsídios que permitam colmatar as avultadas despesas de realização;
6 - Para que as Festas possam ser auto-suficientes, preconiza-se a encomenda de um estudo de viabilidade económica das Festas, ponderando-se eventuais receitas de bilheteira e aparcamento de viaturas, bem como a forma de adjudicação da cobrança dessas receitas a uma ou mais Empresas de reputada credibilidade."
Foi esta a Nota de Protesto que apresentei e que mereceu a concordância de toda a oposição. contudo a maioria da altura fez ouvidos de mercador e continuou em 2008 com a Semana a que assistimos. Esta nota está actual e na próxima sessão deste Órgão, no final deste mês, voltarei à carga com novo documento. É pena que os Campomaiorenses não compareçam na Assembleia Municipal e exponham igualmente as suas ideias sobre este tema.
Campo Maior, 11 de Setembro de 2008
siripipi-alentejano

4 comentários:

Três horas da manhã disse...

Acho que deve tomar essa iniciativa na Assembleia Municipal e demonstrar o sentimento de algum do povo de Campo Maior.

Contara-me que para organizarem as Festas algumas pessoas hipotecavam bens próprios...será isso verdade?

Anónimo disse...

É triste verificar que a soberba se sobrepõe à evidência dos factos. Não ouvir o que os outros dizem e não aceitar a realidade só revela a falta de espírito democrático que impera na autarquia campomaiorense.
Porque, como diz um artigo do DN de hoje, "onde não há conhecimento domina a ignorância" e não há pior tipo de poder do que aquele em que a ignorância e o poder se misturam numa perigosa associação.
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Em relação a "Três horas da manhã", o que lhe contaram é facto sabido e confirmado por muita gente em Campo Maior que sabe que, por mais de uma vez, e nem sempre com a mesma pessoa, foram postos em risco bens pessoais para garantir os recursos necessários ao arranque das Festas. É claro que nesse tempo, essas pessoas tinham a esperança que advinha da sua experiência de que as Festas se autofinanciariam.

Zé Camões disse...

Uma vez mais vou ter de me desculpar e abster-me de comentar, como não estou em Campo Maior, não estou tão informado dos factos como estão logicamente os senhores.
Assim aproveito e deixo os meus cumprimentos a todos.

Elvascidade disse...

É JÁ AMANHÃ . . .

www.cidadelvas.blogspot.com