quarta-feira, 13 de agosto de 2014

EMIGRANTES DE Férias

O Verão está no auge e os nossos Emigrantes regressam para passarem um período de merecidas Férias junto de todos os seus Familiares e ao mesmo tempo, saborearem com avidez os prazeres que as suas Terras lhes proporcionam.
Após um ano de árduo trabalho, muitas vezes em condições adversas, esperam pela hora de partirem, para poderem matar a saudade que lhes ruía a alma, é a Família, os Amigos, as Romarias, o Descanso, a Gastronomia, os Petisquinhos e o nosso Sol, que ao longo desse ano de trabalho lhes falta e que se torna numa miragem, que se vai tornar realidade todos os Verões ou no Natal.
Ao falar de Emigrantes, é obrigatório voltar ao século passado, anos sessenta/setenta, para remexer o Baú das recordações e retirar as razões políticas e sociais que desencadearam esse tão grande movimento de Pessoas, os Jovens de hoje desconhecem essa situação, Portugal era um País cinzento, sem alegria, onde imperava a Fome e Desemprego, governado por um Ditador Fascista que oprimia o Povo e o manietava. A Terra estava nas mãos dos Latifundiários que exploravam o trabalhador porque, por não existir Industria ou outras formas de trabalho, sujeitavam-se por batuta e meia a servirem os Senhores.
Nessa época existiam algumas artes e ofícios, que dispunham de pouca mão-de-obra, mas que ainda iam ensinando algum ofício aos que não tinham ou não queriam o trabalho do campo.
A Educação e a Cultura eram deficientes, nem todos podiam ir à Escola porque a necessidade das Famílias em angariarem o seu sustento, não se podiam dar ao luxo de mandar os seus Filhos aprender a Ler, porque eles tinha que trabalhar para ajudar a casa, enquanto a Escola não era obrigatória. O analfabetismo era um dos males da Sociedade desses tempos, aos Governantes interessava-lhes o Povo inculto e analfabeto para os poderem manobrar a seu belo prazer.
A eclosão das lutas dos Povos das antigas Colónias pela sua Libertação, levou a que o Ditador Salazar determinasse o envio imediato de Forças Militares para as defenderem, uma vez que a exploração desses Povos era a maior fonte de riqueza do País. Se foi uma Fonte de Riqueza, também se tornou um Cemitério de Vidas, nessa nefasta Guerra pareceram milhares de Jovens que foram obrigados a pegarem Armas contra a sua vontade.
Diz o Povo, que depois da tempestade vem a bonança, a verdade é que essa injusta Guerra levou a que muitos Portugueses fugissem do País, para não irem à Guerra e procurassem o seu sustento emigrando. A emigração, que não era autorizada, tornou-se como clandestina, a melhor forma de deixar o País.
A par dos Jovens, os mais velhos perderam o medo e começaram igualmente, pela calada da noite, com o auxílio de passadores, rumarem a outros Países na miragem de uma vida melhor. Em principio eram os Homens, mais tarde e quando já existia alguma estabilidade, iam as esposas e só depois os Filhos.
A história da Emigração, os sacrifícios e as dificuldades que os primeiros Emigrantes passaram, são histórias de Vida merecedoras de serem conhecidas pela sua vivência, pelo seu sacrifício, pelas dificuldades encontradas (Língua, clima, integração) e habituação à forma de vida desses Países.
A emigração contribuiu para que o Portugal de hoje se modernizasse, com as suas poupanças e com os conhecimentos que adquiriram nos seus postos de trabalho, contribuíram para o nosso desenvolvimento, mas também foram eles que ajudaram a construir e a desenvolver os Países que os acolheram, tornando-os mais ricos.
É verdade que nem sempre a Emigração foi uma Gaiola Dourada, para se chegar a ter-se uma posição cómoda, houve muitos Emigrantes que passaram, no início por situações extremamente difíceis, mas na verdade onde há um Português, a solidariedade não é uma palavra vã e a ajuda surge imediatamente quer para os abrigar nos primeiros dias, quer para os ajudarem na procura de trabalho.
A Emigração de hoje é diferente, grande parte dos novos Emigrantes são Jovens Licenciados que procuram disponibilizar os conhecimentos adquiridos nas nossas Universidades, cursos pagos pelos dinheiros dos Pais e do País, para ajudarem com seus conhecimentos o desenvolvimento de outros Países.
Um País que não faz nada pelos seus Jovens e que os manda emigrar, não merece os Filhos que tem.
Os Emigrantes que estão chegando, para gozarem as suas Férias merecem, pelo esforço, nostalgia e as saudades que sempre os acompanha, serem recebidos e terem bons dias de descanso e de retemperarem as forças para mais uma nova etapa de Trabalho.
Siripipi-Alentejano
Campo Maior, 13 de Agosto de 2014





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