domingo, 4 de agosto de 2013

FESTAS DO POVO - ARTISTAS OU DAS FLORES

A Primavera e o Verão são as épocas do ano mais propícias à realização de Festejos Populares, raras são as Povoações que não festejam os seus Padroeiros ou cumprem tradições herdadas de seus antepassados.
A ornamentação de Ruas tornou-se um hábito em muitas Povoações do nosso País, talvez influenciadas pelas nossas Festa do Povo e há até quem as faça de tempos-a-tempos, imitando-nos e arvorando-se como se fossem eles os verdadeiros percursores dessa tradição cultural.
O tema de hoje vem a propósito da Festa das Flores que decorre na Vila do Redondo e que foi objeto de um artigo intitulado “Festas do Povo Vamos acabar com as imitações”, publicado em Agosto de 1997, no saudoso “Notícias de Campo Maior” por ser interessante e ainda fazer sentido, transcreve-o para memória futura:
FESTAS DO POVO/98 – Vamos Acabar Com As Imitações
Falar das Festas do Povo, é falar da nossa Cultura, das nossas Tradições, dos nossos usos e Costumes, da nossa Hospitalidade, enfim, as Festas do Povo são efetivamente um símbolo vivo de tudo isto. Sempre que surge a ideia da realização de nova edição, muito se escreve e muito se fala, os Campomaiorenses iniciam nas suas mentes uma viajem de sonhos, de imaginações e aí esquematizam e arquitetam o futuro das ornamentações das suas Ruas.
Depois vem o trabalho desinteressado de todo um Povo ao longo de vários meses e esse Povo consegue, com um truque de magia, transformar Campo Maior, da noite para o dia, num Jardim paradisíaco e multicolor onde proliferam milhões das mais belas flores silvestres, feitas de papel.
As Festas do Povo são sem a menor dúvida, o maior cartaz turístico de todo o Alentejo, é um património cultural fabuloso cuja expressão artística é quiçá única no Mundo. Só é possível viver o seu deslumbramento quem a elas assiste e quem conhece o trabalho insano e o esforço dos meses gastos em serões roubados ao descanso de dias árduos de trabalho.
Em recente trabalho que realizei sobre as Festas do Povo/95, questionei os responsáveis da Associação das Festas sobre a apresentação dos seus resultados, igualmente fiz questão de realçar que as nossas Festas são um certame difícil de encontrar em qualquer parte do Mundo por se tratar de um trabalho comunitário de grande envergadura, que envolve toda a comunidade, tendo em conta, como único objetivo, criar as Festas do Povo. Nesse trabalho, escrevi: “Não nos podemos esquecer que hoje existem muitas Terras que nos tentam imitar sem o conseguirem, temos que fazer valer os nossos valores e tudo o que é nosso. As nossas Festas do Povo é que são as originais, as outras não passam de imitações de fraca qualidade, pois falta-lhes a mística de que só os Campomaiorenses são detentores”.
Perante tais factos é imperioso que alguém de direito (Associação ou Câmara) tomem uma atitude, não pretendo dizer qual delas o deve fazer, no entanto, dever-se-á envidar esforços para que junto das Autoridades competentes se possa registar a patente das Festas do Povo ou quiçá de Património Artístico Nacional, como de um produto ou invento se tratasse. É necessário acabar com as imitações!
As Festas do Povo/95 foram visitadas por mais de 1.500.000 de visitantes, não podemos defraudar quem nos visita, pois é do esforço, do poder, desse poder inigualável de criatividade e imaginação, das mãos hábeis e maravilhosas do nosso Povo, é que nasce o encanto e o prestígio que as Festas do Povo de Campo Maior hoje desfrutam, quer em Portugal, quer no Estrangeiro.
É com muita tristeza, até com alguma revolta interior que vejo neste Verão de 1997, aparecer mais imitações das nossa Festas (Redondo, Cartaxo, Canha, Alvalade do Sado e outras) e mais triste fiquei, quando me afirmaram que nalgumas delas existia a colaboração de Campomaiorenses.
Os Campomaiorenses que colaboraram na realização de outras Festas, independentemente de o fazerem por fins económicos,tornaram-se a meu ver, como Mercenários da nossa Cultura, deveriam estar conscientes que a sua ação contraria o espírito dos seus conterrâneos e que estão defraudando um património cultural que temos a obrigação de preservar e até a obrigação e de o incentivar nas camadas mais jovens, explicando-lhes a tradição e os usos e costumes dos nossos antepassados, fazendo-lhes tomar o gosto pela realização periódica das Festas, incitando-os como futuros Homens a Mulheres de amanhã, a dar continuidade a este tão grande expressão Sócio-Cultural, que tanto nos orgulha.
Voltando às imitações, importa falar um pouco sobre as Festas do Redondo, bastante badaladas na RTP e das palavras proferidas pelo Senhor Presidente da Câmara do Redondo, na edição do País Regiões da passada Sexta-Feira, dia 31 de Julho. Aquele Edil teve o arrojo e a pouca vergonha de dizer que as Festas do Redondo são uma tradição daquela Vila, realizando-se de vez em quando com algumas interrupções e que são fruto do trabalho de todo o Povo do Redondo. Nesse mesmo programa e também na Praça da Alegria, várias pessoas intervieram e as suas respostas foram a cópia fiel daquilo que sempre os Campomaiorenses têm dito: a existência de comissões de rua, o sigilo guardado, a angariação de fundos, os descantes ao serão. É uma cópia fiel do que fazemos, é um plágio total das nossas Tradições, da nossa Cultura, dos nossos Usos e Costumes.
Este artigo, algo extenso prossegue, contudo, num dos parágrafos fiz uma chamada de atenção, dizendo: ”não podemos deixar que outras Terras nos ultrapassem, temos que reivindicar os nossos direitos e a melhor forma de o fazer é com a realização de Festas do Povo em 1998, aí com a EXPO/98 poderemos mostrar ao Mundo quem são os Campomaiorenses”
No términus do artigo conclui dirigindo-me aos Jovens e à População em geral: temos que lutar e preservar as nossas Tradições, os nossos Usos e Costumes, a nossa História, temos que alertar os nossos Emigrantes para que os seus Filhos possam também participar, de pleno direito, no maior síbolo vivo da Cultura Campomaiorense, não podemos deixar morrer uma herança tão digna, legada pelos nossos antepassados.
Campo Maior é uma Terra com História, basta olhar e meditar nas insígnias que o seu brazão de armas ostenta – LEAL E VALOROSA VILA DE CAMPO MAIOR – LEALDADE E VALOR.
Vou ficar por aqui, este trabalho não é mais do que lembrar que os Campomaiorenses estão conscientes que as nossas Festas continuam a ser uma realidade, a prova é as que se realizaram depois daquele artigo e que as imitações que se fizerem nunca são iguais ao original.
Siripipi-Alentejano


3 comentários:

Anónimo disse...

"As Festas dos Artistas", como eu prefiro chamar-lhe, são a realidade plena de um povo, a que me orgulho de pertencer. Habita em Campo Maior, e por isso somos campomaiorenses. Não sei se todos somos bairristas, mas o que sei é que ao longo dos anos, primeiro os diversos orgãos autarquicos e posteriormente uma pseudo denominada "Asssociação das Festas do Povo", em conjunto, não só não conseguiram sustentar e dinamizar a nossa originalidade, como dão azo a cópias infames, com publicidade, em todos os media, enganadora das nossas "FESTAS". A LEAL E VALOROSA VILA DE
CAMPO MAIOR, não merecia, além do mais é conhecida pelas fores de papel e pela terra do café. No entanto outros utilizam as nossas "FESTAS", para memória futura. Estou triste e envergonhado, os nossos antepassados não mereciam.
Que falta de bairrismo!

Anónimo disse...

A Associação de Festas não deve tornar esta festa num mercantilismo sem fim trazendo comerciantes forasteiros a mais, só o fez por ganância. Se não der a primazia e a liberdade ao povo campomaiorense para que lucre em pleno direito do seu trabalho não há incentivos para trabalhar e para festejar, no fim de contas a festa é uma grande trabalheira para o povo e este merece beneficiar do fruto do seu trabalho em segurança e com as devidas condições. A associação de festas apoiou muita coisa, mas também foi negligente em muitas outras revelando muito amadorismo e ganância no decorrer das festas do povo propriamente ditas. Menos ganância e mais liberdade ao povo.

João Rosinha disse...

Fale comigo claramente, não se esconda no anonimato, que eu gostava muito de o esclarecer.Se não está dentro dos assuntos não fale.Amadorismo?? Claro,todos os que demos o nosso melhor somos amadores, mas ainda assim foram consideradas das melhores em toda a história das Festas e o 1º. Prémio do Turismo de Portugal desse ano.O que quer dizer com "para que o nosso Povo lucre em pleno" ?? A AFP pôe sempre em primeiro lugar a nossa gente de Campo Maior,a todos facilitou. Mas tenha em conta que as nossas Festas não se fazem com palavras.....É evidente que estamos sempre receptivos a sugestões que possam beneficiar as Festas, bem como a corrigir excessos que de vez em quando se demonstram perniciosos.