domingo, 31 de julho de 2011

As Festas do Povo

A propósito das Festas do Redondo escrevi em 4 de Agosto de 1997, faz esta semana 14 anos, um artigo que publiquei no então “Noticias de Campo Maior” intitulado “Vamos acabar com as imitações”.
Esse trabalho surgiu face a declarações proferidas pelo Senhor Presidente da Câmara do Redondo, por sinal ainda é o mesmo, que numa entrevista dada à RTP em 31 de Julho de 1997, afirmava: “ que as Festas do Redondo são uma tradição daquela Vila, realizadas de vez em quando com algumas interrupções e que são fruto do trabalho de todo o Povo do Redondo”. Nesse mesmo programa intervieram várias pessoas, naturais do Redondo, e as suas palavras foram a cópia fiel daquilo que sempre os Campomaiorenses disseram: “a existência de Comissões de Ruas, o sigilo guardado, a angariação de fundos (noutros tempos), os descantes populares ao serão pelas Ruas.
Hoje numa transmissão directa da TVI sobre as Ruas Floridas do Redondo, aquele Edil voltou a fazer a mesma afirmação, a que se aliou alguns naturais do Redondo, mas que em entrevistas de Rua a locutora ao entrevistar uma visitante que disse que aquelas Festas não se comparavam com as de Campo Maior, cortou-lhe a palavra dizendo que não era permitido fazer publicidade.
Na minha opinião e é bom que fique assente que não sou contra as imitações que se fazem em várias Terras, mas não posso deixar de afirmar que é um plágio das nossas Tradições, da nossa Cultura, dos nossos Usos e Costumes.
É verdade que essas Festas ao imitarem-nos, falta-lhes o nosso poder, a nossa criatividade, a nossa imaginação, a nossa força anímica. Aí também não existe a hospitalidade, a alegria e o carinho que dedicamos aos nossos visitantes, esta trilogia é a expressão maior da nossa forma de ser. Da mesma maneira também lhes falta a brancura das nossas casas, a alvura própria de uma Terra que tem uma adoração especial pelo branco, não fosse essa brancura a razão da alma dos Camponeses.
As últimas Festas segundo o Presidente da Associação, foram visitadas por mais de 1 milhão de Visitantes, este número de turistas (nacionais e estrangeiros) implica que não os podemos defraudar, pois é do esforço, do poder, desse poder inigualável de criatividade e imaginação, das mãos hábeis e maravilhosas do nosso Povo, é que nasce o encanto e o prestígio que as Festas hoje desfrutam e como tal temos que fazer juz a quem nos procura.
Não sou contra as Festas que tentam imitar-nos, pois considero-as como uma forma de reconhecimento das nossas Tradições, da nossa Cultura e dos nossos Usos e Costumes, contudo, não posso permitir que além de nos imitarem, haja quem afirme que as suas Festas (Redondo) sejam uma tradição do seu Povo, esquecendo-se que essa tradição pertence ao Povo de Campo Maior que as realiza há mais de 100 anos.
No século XX, Campo Maior realizou 20 Festas (1923-1927-1936-1937-1938-1939-1941-1944-1952-1953-1957-1961-1964-1972-1983-1985-1989-1995-1998 e 2000) estas são as que se conhecem por factos horas e documentais.
Perdoem-me os que possam não concordar com o que penso, mas ficaria mal com a minha consciência como Campomaiorense, se não defendesse a nossa Cultura e as nossas Tradições. A minha voz não se calará, continuarei a apelar à sua continuidade e isso só é possível se a Juventude de hoje quiser continuar a preservar os nossos usos e costumes, o nosso património cultural, não podemos deixar vulgarizar as Festas do Povo, temos que lutar para que seja a vontade do Povo, a nossa voz interior, a nossa alma Campomaiorense, o nosso amor a exigir que se realizem FESTAS DO POVO.
Não quero terminar este trabalho sem falar noutra das grandes Tradições dos Campomaiorenses, as SAIAS, falar das Festas do Povo e não falar das SAIAS, era esquecer umas das grandes tradições do nosso Povo. Não podemos deixar de recordar com nostalgia os Bailes de Saias, as desgarradas e descantes. É ao serão, enquanto de fazem as flores, que são criadas pelos poetas populares, as afamadas quadras que as finas gargantas entoam as modas novas.
As Festas do Povo “Campo Maior/2011” estão aí!
Elas são o corolário de um mundo de esforço, de dedicação, de poesia, de amor e de bairrismo. Foram meses e meses de luta, de trabalho, de entusiasmo sem limites dedicados à sua preparação na intenção de que um fascinante jardim florido surja, como por encanto, ao despertar da aurora de 27 de Agosto de 2011.
Campo Maior, 1 de Agosto de 2011
siripipi-alentejano

3 comentários:

«O ALCAIDE DO CASTELO» disse...

olá amigo é bom falarem das tradiçôes da nossa vila. Tambem gostava de saber se a sujidade á entrada da vila e o Martir santo se é tambem uma tradição! e mais se o abandono da parte velha da vila tambem conta como tradiçâo.... um abraço

Anónimo disse...

Sr. Siripipi

De Tradição a puro negócio, será esta a recordação que até ao momento levaremos das Festas do Povo 2011. O espirito que norteava a realização desta nossa forma de arte, que acho bem, que seja considerada património da UNESCO, deveria tambem ter un lugar no Livro de Records do Guiness como a maior concentração de stands e barracas de comes e bebes por metro quadrado. Faz lembrar as celebres correrias ao ouro... Enfim, ainda não começaram e já acabaram com elas. Cumprimentos

carlos disse...

Festas Campo Maior no diário Sol:

http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=27244