sexta-feira, 16 de abril de 2010

CANTOS DE BAIXO

Quase todas as Terras têm um lugar mais ou menos carismático, uns por uma razão e outros porque algo lhes proporcionou esse carisma. Na nossa Vila há dois locais que marcaram uma época (Cantos de Baixo e Terreiro) e que há perdurar na memória das gerações de 50 e 60.
No próximo dia 25 de Abril, os Portugueses comemoram 36 anos de liberdade e democracia, graças aos Capitães das Forças Armadas que proporcionaram a revolução dos cravos, do que resultou a queda de uma ditadura de 48 anos. Os Portugueses ficar-lhes-ão eternamente agradecidos.
A razão deste tema é para dar a conhecer aos que, felizmente, nasceram e vivem em democracia, o que se passava na nossa Terra naqueles tempos e os sacrifícios e afrontas que o Povo passou.
Nessa época a vida era extremamente difícil, a agricultura estava na mão de meia dúzia de abastados lavradores, únicos empregadores, os pequenos proprietários sobreviviam do seu trabalho limitando-se, de vez em quando e em época sazonal a socorrer-se de alguma mão-de-obra.
Nessas duas décadas, Campo Maior era uma povoação inteiramente dedicada à agricultura, a indústria não existia e o sector de serviços era insípido, as únicas ocupações possíveis era os trabalhos agrícolas e o contrabando.
Foi uma época de crise, as famílias passavam imensas necessidades, havia fome e a liberdade era uma palavra impossível, o Povo vivia com medo, a repressão fazia-se sentir, as Autoridades da época eram déspotas.
O Povo quando não tinha trabalho passava os dias deambulando na procura de alguma ocupação ou entretinham-se nas Tabernas porque os Cafés não estavam ao seu alcance, os que existiam eram frequentados pelos Senhores e pessoal dos Serviços e mesmo os Cafés que existiam tinham determinado tipo de clientela, nem toda a gente frequentava todos os cafés.
Os Cantos de Baixo era o local, onde os trabalhadores se juntavam, esperando que um manageiro os procurasse para trabalharem. Há uma situação que eu sempre considerei ultrajante, os trabalhadores eram escolhidos como se escolhe um bom borrego do rebanho. Os salários eram de miséria e a troco de quase nada trabalhavam de sol a sol.
Muitos passaram pelos montes e foram ganhões, a única certeza que os acompanhava era o muito trabalho e a míseras refeições que recebiam, há histórias que se contam que mereciam ser recolhidas para constarem como memória futura, num livro que retratasse a vida dos trabalhadores rurais de Campo Maior.
Nos finais de 60 com a eclosão da guerra em África, a Juventude partiu e a emigração foi a tábua de salvação das nossas gentes, Campo Maior transformou-se.
Felizmente que os homens abriram os olhos, que Abril de 1974 se tornou no bálsamo redentor das mazelas deixadas pela ditadura e os Cantos de Baixo passaram ser um espaço público liberto das masmorras dos grandes senhores e dos olhos de falcão dos bufos da PIDE.
São histórias que nos marcam e que não podemos esquecer, mas que temos o dever de transmitir às novas gerações.
Campo Maior, 16 de Abril de 2010
Siripipi-alentejano

8 comentários:

Jack The Ripper disse...

Caro Siripipi,

é com agrado que leio estas histórias de outros tempos, qua não foram meus, mas que são da minha terra.

No entanto gostava de lhe colocar um desafio se conhecer o passado pode ser uma boa lição para futuro e se baseamos o nosso futuro naquilo que fizémos no passado, diga-me lá qual a sua visão para o futuro de Campo Maior?

siripipi alentejano disse...

Caro Jack
Diz o Povo que o fúturo pertence a Deus, no entanto todos nós temos um pouco de advinhos.
A nossa história dá para que possamos prever um fúturo risonho para Campo Maior. Temos uma situação estratégica, possuimos uma boa moldura humana e respectiva massa cinzenta e somos um dos concelhos mais desenvolvidos do Norte Alentejano.
Com todos estes ingredientes, cozinhar é fácil, o resultado será certamente um prato refinado e Campo Maior com o que se prevê de investimentos, designadamente TGV e Plataforma Logística, irá estar na primeira linha, o que nos tornará apeteciveis para novos investidores.
siripipi-alentejano

Anónimo disse...

Estranho como as pessoas parecem desconhecer este tipo de coisas.
Porque não é preciso ser muito velho para saber como se vivia antes do 25. E por acaso o pai do sr. siripipi nem era dos que por lá procurava trabalho, o meu e muitos sim. Aos olhos de hoje era degradante, eram escolhidos como animais. Sabe eu fui um dos muitos que andámos descalços até muito tarde. Não pude estudar porque em Campo Maior nos anos 50 não havia mais que a escola primária. Sei e vivi tantas histórias de miséria, que ao ler na revista Visão de 8/4, uma crónica do escritor José Luis Peixoto sobre o homem do riquexó, me fez pensar como a juventude exige tanto e luta tão pouco.

freixo disse...

Cardeal-Olá-sou eu
1.-Siripipi,falas nos Cantos de Baixos e muito bem.Mas, meu caro, e o Terreiro?.Acaso não servia à mesma "de feira"?

2.-Lembro-me das noites de Primavera e Verão, em que sentado, no joelhos do meu PAI,escutava as conversas dos mais velhos e das agruras das suas vidas... Tempos de muitas dificulades e misérias.

3.-Embora, hoje, não estejamos bem, Campo Maior podia estar melhor, se por acaso muitos chicos espertos não se tivessem apropriado de um poder que não souberam exercer e que não desejavam deixar fosse a que preço fosse.

Cumps.

freixo disse...

Siripipi
1.-Falas e muito bem nos Cantos de Baixos. E decerto também te recordas do Terreiro.Acaso não servia para os mesmos fins-escolher os melhores, como se não fossem todos bons trabalhadores honestos e honrados.
2.-Acabou-se, em 25 de Abril de 74,com essa vergonha, mas agora existem vergonhas maiores, como a falta de ética de muita gente que tem governado Campo Maior, aproveitando-se dos votos dos mais humildes para fins que todos conhecemos.
3.-Vê se não podia existir na nossa terra uma loja social, onde a Camara poderia ter um papel relevante, na ajuda aos mais necessitados?
4.Já que estamos a falar do Centro Histórico, porque não repôr o Património como estava e que o Sr Burrica destruiu?
5.-Canto de Baixo, Terreiro, Largo do Assento, entrada da Vila, Jardim Municipal onde 80% é calçada e 20% algum verde e poucas
árvores??? etc.
Cumps

Grupo PS, AM disse...

Novo blogue do Grupo Municipal do Partido Socialista

http://ps-am-cm.blogspot.com

Anónimo disse...

Aonde a gente está metida...


Vamos lá começar pela declaração da AM do PS...


•“previa-se que o volume de água a fornecer”

Previa-se ?...

•“as consequências desta situação, a concessionária veio reclamar direito à reposição do equilíbrio económico-financeiro”

e mais ...

•“haveria agora que assumir as consequências respeitantes à estipulação dos caudais”

Hem? Previsões ? Caudais ? Fornecimentos ? ... mas afinal o contrato fala em “previsões” ou “estipula” fornecimentos ?
É que se for a primeira, não se compreende a que propósito a Concessionária vem reclamar, e porque terá a Câmara que assumir consequências .


•“Observando com atenção as cláusulas do referido contrato, encontramos muitas outras situações que podem ser consideradas altamente atentatórias dos interesses do Município e dos munícipes”

Este dúbio ( incriminatório ?) texto, quer dizer exactamente o quê se lê ?
Então se são assim tão “altamente atentatórias” os munícipes ( e autoridades) não são dignos de as conhecerem ? Já vale tudo ?

•“sabendo muito bem quão gravosos seriam para a Câmara Municipal os efeitos de uma rescisão do contrato com a Aquália”

Ao que parece só o anterior, e actual executivo, são conhecedores do famigerado contrato, e pelo que se vai lendo, parece não haver interesse - de ambas as partes - em que os munícipes o conheçam .
Então porque se entretêm com este “pin-pong”, fazendo da população, a vossa bola saltitante?
Se querem ser credíveis, porque não tornam público o contrato, e acabam com todas as dúvidas?


•“As nossas promessas são compromissos para serem cumpridos consoante as condições e o tempo determinarem como mais úteis e propícias à sua execução”

Hem? Lê-se e não se acredita ! É que o texto de tão redondo, tão redondo parece mais uma bola de futebol... por favor sejam sinceros, não entrem em “intelectualices”, e unicamente para vossa diversão, no jogo do blá,blá,blá ...

•“avancem definitivamente as obras na estrada do Retiro e sejam desbloqueados os constrangimentos que existiam e que nunca foram comunicados à população”

... e os Senhores já comunicaram á população quais são os verdadeiros constrangimentos ? ... ou teremos que continuar a acreditar que o bloqueio são mesmo, mesmo , mesmo ... as abetardas ? ( parafraseando o Dr. do Amor )


“O Orçamento Participativo está em fase de construção. Só quem não tem consciência do que ele significa pode afirmar que ele deveria ser implementado em 1 de Novembro de 2009”

... Consciência ? Novembro de 2009 ? ... mas com os diabos, afinal não estamos em Abril de 2010 ?



•“se em vez de dívidas tivéssemos recursos, poderíamos ser mais rápidos e mais eficientes na solução dos problemas que afligem a nossa terra e a nossa população”

Que fique claro. Os Senhores foram eleitos porque prometeram fazer mais e melhor que o anterior executivo.
É que com muitos recursos financeiros ( e outros) - ainda por cima públicos - qualquer “zé das cabras” faz milagres... agora virem com lamentos, e fazerem-se de vitimas e coitadinhos ... não !
Até porque “aos enganados” há por perto, sempre o recurso (mais) honesto, do pedido de demissão...

•“Herança Maldita. O título era premonitório, mas nós não lhes prestámos a devida atenção”.

Pois é . Já deu para ver, que humor negro e falta de “atenção” é coisa que nos Senhores abunda, basta ler esta declaração... agora ( por favor) não continuem a fazer dos munícipes os vossos “burros” , que têm suportado, e calado todo um rol de incompetências... tenham pejo, pelo menos no mês de Abril ... lá diz o ditado que : “ o burro de S. Vicente é que carrega a carga e não a sente “.

Anónimo disse...

Snr Anónimo das 19H53 de 20ABR

Os meus cumprimentos.

1.-Parabéns pela forma clara, como chama os "bois" pelos nomes.
2.-A sua linguagem-simples, clara e concisa é aquela com que sempre me entendi.
3.Reforço o apelo-publiquem no blogue do PS-AM-CM, todo o contrato de uma vez, por todas.
4.Dêm a conhecer aos Campomaiorenses todo o seu conteúdo e acabem, de vez, com o secretismo, em tudo, como o anterior Executivo fazia.
Cumps