QUARENTA QUATRO ANOS DE ABRIL
(A REVOLUÇÃO FEZ
REVIVER A ESPERANÇA DOS PORTUGUESES)
Ao
caminhar para os setenta anos de vida paro, medito e olho para o passado, mas
sempre pensando num futuro risonho para todos os Portugueses.
Estamos em Abril e a Primavera rejuvenesce
os campos e as nossas mentes acompanham a vivência de uma estação de temperança
e de vida. É altura de olhar os tempos que lá vão e de os analisar, comentando o
que de bom ou mau nos trouxe.
Há
um marco desse passado que reputo de extraordinária importância e que marcou a
vida das gerações de setenta e as posteriores, decorria o ano de 1974 e da
noite para o dia, Portugal renasceu das cinzas e da obscuridade em que se
encontrava, por acção dos Capitães de Abril.
Vamos
comemorar os Quarenta anos de Liberdade e Democracia, é imperioso que se
continue a recordar e homenagear os Militares de Abril e os que, não sendo
Militares, lutaram activamente, alguns na clandestinidade, para que a
Democracia fosse uma realidade em Portugal.
Este trabalho é uma forma
de recordar e homenagear os que tornaram possível o retorno à Liberdade. Na
vida das pessoas há ocasiões que nos levam a reviver o passado e a meditar
sobre episódios vividos.
Recordar
é viver, diz o Povo, este provérbio leva-nos a divagar nas boas e más
recordações. São factos do presente que nos remetem a factos do passado,
levando-nos por isso a compará-los com a vida do dia-a-dia.
Foi
a declaração descabida e desastrada, a uma pergunta de um Jornalista, dada pela
Senhora Presidente da Assembleia da República, sobre a presença dos Capitães de
Abril na sessão solene do aniversário dos quarenta anos, que repudio e me
obriga a manifestar o meu desagrado pela deselegância como foram tratados os
obreiros da nossa Liberdade, negando-lhes o direito de intervir na Casa da
Democracia de que eles foram os principais obreiros.
Em
1974 encontrava-me em Angola, precisamente na povoação (Madimba) onde em 11 de
Março de 1961 eclodiu a luta armada dos nacionalistas da UPA, assaltando a
Fazenda Primavera, propriedade da Firma Nogueira Angola Internacional. Na
altura a Madimba era povoada por populações deslocadas (oriundas do Quanza Norte,
uma vez que os naturais refugiaram-se na República do Zaire, além de uma
Companhia do Exército e das Autoridades Civis.
As
instalações Militares eram em casas pré-fabricadas com poucas condições e
quando eram visitadas por superiores, o Comandante da Companhia solicitava ao
Administrador a cedência de quartos para os albergar. No dia 24 de Abril a
Companhia Independente ali sediada, estava sendo inspeccionada por um Major do
Batalhão de que estavam dependentes e que pernoitou na minha casa, esse Oficial
era o então Major Ramalho Eanes.
Em
Angola era habitual termos rádios receptores de grande potência para podermos
ouvir diversas Estações, especialmente as que transmitiam em Português (Emissora
Nacional, Rádio Argel, Deustvella da África do Sul, Rádio Moscovo, Rádio
Pequim, entre outras) e foi cerca das duas horas da madrugada, pela voz de
Manuel Alegre (refugiado na Argélia) como apresentador do programa “Voz
Portugal Livre” que deu a conhecer a Revolução dos Cravos. De imediato acordei
o Major Ramalho Eanes, dê-lhe a notícia e ficamos toda a noite seguindo os
diversos Noticiários, centralizando a nossa audição na Emissora Nacional.
Passado
uma semana, o Gen. Spínola que se encontrava na Guiné, chamou o Major Eanes de
quem foi seu braço direito. Nunca fiquei a saber se o actual General e
Ex-Presidente da República foi ou não um dos Capitães de Abril.
O
25 de Abril é o grito de revolta dos Militares contra o despotismo de um
Governo retrógrado, prepotente, fachista e que teimosamente queria continuar a
explorar Povos e a negar-lhes a sua autodeterminação.
É
a esses homens, é a esses Militares que devemos a Liberdade e a Democracia e é
a eles que temos o dever de continuar a homenagear, dando-lhe na nossa
sociedade o lugar a que têm direito. Não podemos permitir que lhes seja negado
o direito de intervir publicamente, se o fizerem é uma desconsideração para com
todos os que tornaram possível que os Portugueses vivam em Liberdade e
Democracia.
Eu
como tantos outros que estivemos em África estamos-lhes agradecidos, pela sua
acção salvaram muitas vidas.
LIBERDADE
SEMPRE.
Siripipi-Alentejano
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