EMIGRANTES
DE Férias
O
Verão está no auge e os nossos Emigrantes regressam para passarem um período de
merecidas Férias junto de todos os seus Familiares e ao mesmo tempo, saborearem
com avidez os prazeres que as suas Terras lhes proporcionam.
Após
um ano de árduo trabalho, muitas vezes em condições adversas, esperam pela hora
de partirem, para poderem matar a saudade que lhes ruía a alma, é a Família, os
Amigos, as Romarias, o Descanso, a Gastronomia, os Petisquinhos e o nosso Sol,
que ao longo desse ano de trabalho lhes falta e que se torna numa miragem, que
se vai tornar realidade todos os Verões ou no Natal.
Ao
falar de Emigrantes, é obrigatório voltar ao século passado, anos sessenta/setenta,
para remexer o Baú das recordações e retirar as razões políticas e sociais que
desencadearam esse tão grande movimento de Pessoas, os Jovens de hoje
desconhecem essa situação, Portugal era um País cinzento, sem alegria, onde imperava
a Fome e Desemprego, governado por um Ditador Fascista que oprimia o Povo e o
manietava. A Terra estava nas mãos dos Latifundiários que exploravam o trabalhador
porque, por não existir Industria ou outras formas de trabalho, sujeitavam-se
por batuta e meia a servirem os Senhores.
Nessa
época existiam algumas artes e ofícios, que dispunham de pouca mão-de-obra, mas
que ainda iam ensinando algum ofício aos que não tinham ou não queriam o
trabalho do campo.
A
Educação e a Cultura eram deficientes, nem todos podiam ir à Escola porque a
necessidade das Famílias em angariarem o seu sustento, não se podiam dar ao
luxo de mandar os seus Filhos aprender a Ler, porque eles tinha que trabalhar
para ajudar a casa, enquanto a Escola não era obrigatória. O analfabetismo era
um dos males da Sociedade desses tempos, aos Governantes interessava-lhes o
Povo inculto e analfabeto para os poderem manobrar a seu belo prazer.
A
eclosão das lutas dos Povos das antigas Colónias pela sua Libertação, levou a
que o Ditador Salazar determinasse o envio imediato de Forças Militares para as
defenderem, uma vez que a exploração desses Povos era a maior fonte de riqueza
do País. Se foi uma Fonte de Riqueza, também se tornou um Cemitério de Vidas,
nessa nefasta Guerra pareceram milhares de Jovens que foram obrigados a pegarem
Armas contra a sua vontade.
Diz
o Povo, que depois da tempestade vem a bonança, a verdade é que essa injusta
Guerra levou a que muitos Portugueses fugissem do País, para não irem à Guerra
e procurassem o seu sustento emigrando. A emigração, que não era autorizada,
tornou-se como clandestina, a melhor forma de deixar o País.
A
par dos Jovens, os mais velhos perderam o medo e começaram igualmente, pela
calada da noite, com o auxílio de passadores, rumarem a outros Países na
miragem de uma vida melhor. Em principio eram os Homens, mais tarde e quando já
existia alguma estabilidade, iam as esposas e só depois os Filhos.
A
história da Emigração, os sacrifícios e as dificuldades que os primeiros
Emigrantes passaram, são histórias de Vida merecedoras de serem conhecidas pela
sua vivência, pelo seu sacrifício, pelas dificuldades encontradas (Língua,
clima, integração) e habituação à forma de vida desses Países.
A
emigração contribuiu para que o Portugal de hoje se modernizasse, com as suas poupanças
e com os conhecimentos que adquiriram nos seus postos de trabalho, contribuíram
para o nosso desenvolvimento, mas também foram eles que ajudaram a construir e
a desenvolver os Países que os acolheram, tornando-os mais ricos.
É
verdade que nem sempre a Emigração foi uma Gaiola Dourada, para se chegar a
ter-se uma posição cómoda, houve muitos Emigrantes que passaram, no início por
situações extremamente difíceis, mas na verdade onde há um Português, a solidariedade
não é uma palavra vã e a ajuda surge imediatamente quer para os abrigar nos
primeiros dias, quer para os ajudarem na procura de trabalho.
A
Emigração de hoje é diferente, grande parte dos novos Emigrantes são Jovens
Licenciados que procuram disponibilizar os conhecimentos adquiridos nas nossas
Universidades, cursos pagos pelos dinheiros dos Pais e do País, para ajudarem
com seus conhecimentos o desenvolvimento de outros Países.
Um
País que não faz nada pelos seus Jovens e que os manda emigrar, não merece os
Filhos que tem.
Os
Emigrantes que estão chegando, para gozarem as suas Férias merecem, pelo
esforço, nostalgia e as saudades que sempre os acompanha, serem recebidos e
terem bons dias de descanso e de retemperarem as forças para mais uma nova etapa
de Trabalho.
Siripipi-Alentejano
Campo
Maior, 13 de Agosto de 2014
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