BARRAGEM DO ABRILONGO
Há
dias li na Imprensa Nacional que o Governo pode usar fundos estruturais para
concluir Alqueva em 2 015, é uma notícia que apraz a todos os Alentejanos, mas
que peca por tardia. É bom não esquecer que o projecto do Alqueva iniciou-se há
mais de 40 anos, passou por várias fases com alguns senãos pelo meio, mas
acabou por ser finalizado por Guterres, no que diz respeito à Barragem. O
Alqueva foi sem qualquer dúvida uma das maiores Obras Públicas realizadas no
Alentejo no final do século passado, contudo ainda ficou por realizar muitos km
do sistema de regadio. Este enorme Lago artificial, o maior da Europa, foi
concebido para o desenvolvimento desta Região, também conhecida, na altura como
o Celeiro do País. Oxalá que o actual Governo não descure esta oportunidade e conclua-a
em 2015.
Foi
com base nesta notícia que vou agora falar-vos de outro caso muito parecido, a Barragem do Abrilongo, inaugurada em
2000, já á vão 14 anos e continua sem ser convenientemente aproveitada por não
terem sido construídas os canais de distribuição, apesar de existir uma
Associação de Regantes do Xévora. Foi mais um investimento feito sem que haja
retorno e que no estado em que se encontra só acarreta prejuízos para o Estado
e consequentemente para os Agricultores que poderiam fazer regadio. A Barragem
do Abrilongo foi construída na Ribeira do mesmo nome, afluente do Rio Xévora,
ambos nascidos nas encostas da Serra de São Mamede, pertencendo à Bacia
Hidrográfica do Guadiana, onde desaguam. Importa agora dar a conhecer aos
Campomaiorenses e a todos em geral alguns dados interessantes desta obra.
O
projecto foi iniciado em 1993 pela COBA e a obra realizada pela EDIFER, a sua
Bacia tem uma área de 124 Km2 e uma capacidade total de 19 900 000 de m3, sendo
a sua capacidade útil de 18 900 000 m3. A área de rega inicial é de 1.764 Ha,
podendo ir até à aos 2.053. Ha e o pleno armazenamento pode ir até à cota 252,
sendo a cota de coroamento 254,7 m. O Paredão
tem uma altura de 27 m e é do
Tipo: Aterro/Terra Zonada.
A
Barragem situa-se na Freguesia de Degolados, Concelho de Campo Maior e vai-se
até ela, a partir de uma estrada de alcatrão que nasce à esquerda da EN 371que
leva à fronteira, estando sinalizada por placa identificadora.
A
Ribeira do Abrilongo faz fronteira com a Extremadura Espanhola a partir da
Aldeia de Parra até à própria Barragem. Há um pormenor bastante interessante
que importa referir, é que parte dela está dividida em duas partes pela Raia,
mas não pelo meio, como seria de esperar, mas sim apenas em parte. Quem vem de
Degolados encontra-se com a Estrada a passar acima da Barragem até que,
subitamente, deixa de estar alcatroada, é então substituída por um caminho de
terra batida onde confluem outros caminhos que são fronteiriços.
A
Fronteira decorre pelos arames farpados que delimitam os montados Espanhóis
vizinhos da nossa Terras, importa referir que o caminho é inteiramente
Português, mas os campos são Espanhóis, aí estão colocados os marcos
fronteiriços 716-A e o 716-B a marcar a Raia.
Posto isto, o que
importa dar a conhecer é a razão porque a Barragem se encontra neste Estado e
porque não foi ainda terminada. A verdade é que Comissão Europeia cancelou as
verbas para o acabamento da Barragem por ameaçar o habitat de aves estepárias
(Grou, Cisão e Abetarda) da ZPE-Zona de Protecção Especial de Campo Maior, este
ZPE foi criada exclusivamente para a sua protecção e salvaguarda do seu habitat,
por estarem ligadas às culturas de sequeiro. Foi criada a Associação dos
Regantes e Beneficiário do Xévora, cuja actividade, em
termos da utilização da água da Barragem, é desconhecida.
Foi
mais um investimento, cujo valor desconheço, mas que apesar de tudo se tornou
um local aprazível para a prática desportiva (Pesca, Vela e outras) e a sua situação
convida todos os que querem estar em contacto com a Natureza, ou passar um dia
sossegado no meio de uma calmaria absoluta.
Siripipi-Alentejano
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