quarta-feira, 18 de junho de 2014

BARRAGEM DO ABRILONGO

Há dias li na Imprensa Nacional que o Governo pode usar fundos estruturais para concluir Alqueva em 2 015, é uma notícia que apraz a todos os Alentejanos, mas que peca por tardia. É bom não esquecer que o projecto do Alqueva iniciou-se há mais de 40 anos, passou por várias fases com alguns senãos pelo meio, mas acabou por ser finalizado por Guterres, no que diz respeito à Barragem. O Alqueva foi sem qualquer dúvida uma das maiores Obras Públicas realizadas no Alentejo no final do século passado, contudo ainda ficou por realizar muitos km do sistema de regadio. Este enorme Lago artificial, o maior da Europa, foi concebido para o desenvolvimento desta Região, também conhecida, na altura como o Celeiro do País. Oxalá que o actual Governo não descure esta oportunidade e conclua-a em 2015.
Foi com base nesta notícia que vou agora falar-vos de outro caso muito parecido, a Barragem do Abrilongo, inaugurada em 2000, já á vão 14 anos e continua sem ser convenientemente aproveitada por não terem sido construídas os canais de distribuição, apesar de existir uma Associação de Regantes do Xévora. Foi mais um investimento feito sem que haja retorno e que no estado em que se encontra só acarreta prejuízos para o Estado e consequentemente para os Agricultores que poderiam fazer regadio. A Barragem do Abrilongo foi construída na Ribeira do mesmo nome, afluente do Rio Xévora, ambos nascidos nas encostas da Serra de São Mamede, pertencendo à Bacia Hidrográfica do Guadiana, onde desaguam. Importa agora dar a conhecer aos Campomaiorenses e a todos em geral alguns dados interessantes desta obra.
O projecto foi iniciado em 1993 pela COBA e a obra realizada pela EDIFER, a sua Bacia tem uma área de 124 Km2 e uma capacidade total de 19 900 000 de m3, sendo a sua capacidade útil de 18 900 000 m3. A área de rega inicial é de 1.764 Ha, podendo ir até à aos 2.053. Ha e o pleno armazenamento pode ir até à cota 252, sendo a cota de coroamento 254,7 m. O Paredão  tem uma altura  de 27 m e é do Tipo: Aterro/Terra Zonada.
A Barragem situa-se na Freguesia de Degolados, Concelho de Campo Maior e vai-se até ela, a partir de uma estrada de alcatrão que nasce à esquerda da EN 371que leva à fronteira, estando sinalizada por placa identificadora.
A Ribeira do Abrilongo faz fronteira com a Extremadura Espanhola a partir da Aldeia de Parra até à própria Barragem. Há um pormenor bastante interessante que importa referir, é que parte dela está dividida em duas partes pela Raia, mas não pelo meio, como seria de esperar, mas sim apenas em parte. Quem vem de Degolados encontra-se com a Estrada a passar acima da Barragem até que, subitamente, deixa de estar alcatroada, é então substituída por um caminho de terra batida onde confluem outros caminhos que são fronteiriços.
A Fronteira decorre pelos arames farpados que delimitam os montados Espanhóis vizinhos da nossa Terras, importa referir que o caminho é inteiramente Português, mas os campos são Espanhóis, aí estão colocados os marcos fronteiriços 716-A e o 716-B a marcar a Raia.
Posto isto, o que importa dar a conhecer é a razão porque a Barragem se encontra neste Estado e porque não foi ainda terminada. A verdade é que Comissão Europeia cancelou as verbas para o acabamento da Barragem por ameaçar o habitat de aves estepárias (Grou, Cisão e Abetarda) da ZPE-Zona de Protecção Especial de Campo Maior, este ZPE foi criada exclusivamente para a sua protecção e salvaguarda do seu habitat, por estarem ligadas às culturas de sequeiro. Foi criada a Associação dos Regantes  e  Beneficiário do Xévora, cuja actividade, em termos da utilização da água da Barragem, é desconhecida.
Foi mais um investimento, cujo valor desconheço, mas que apesar de tudo se tornou um local aprazível para a prática desportiva (Pesca, Vela e outras) e a sua situação convida todos os que querem estar em contacto com a Natureza, ou passar um dia sossegado no meio de uma calmaria absoluta.
Siripipi-Alentejano